Brasil

Buscas na internet sobre termo "machismo no Brasil" cresceram 263%

O termo "machismo" pulou da 9ª posição para 3º em volume de busca

postado em 04/07/2018 17:00
Mulher com a boca tapada e o olho roxo
Internautas brasileiros demonstram cada vez mais curiosidade em pesquisar o termo ;machismo; nos canais de busca do Google e do YouTube, apesar de ainda existir falta de informação ou confusão sobre o tema. O apontamento faz parte de uma pesquisa realizada pelo Google BrandLab, que realizou 700 entrevistas online em diversos estados brasileiros e analisou o resultado nos canais de busca do Google e YouTube.

[SAIBAMAIS]As consultas com o termo ;machismo no Brasil; aumentaram 263% nos últimos dois anos, pulando da 9; posição para 3; em volume de busca, e a existência do machismo no país é uma verdade assumida por 78% dos brasileiros.

No entanto, a pesquisa aponta que, apesar do crescimento do interesse, ainda há muita confusão e falta de informação sobre o tema. Para metade dos homens, machismo e feminismo são movimentos equivalentes. ;O feminismo está disputando não é a hegemonia de um grupo sobre o outro, mas as relações de igualdade entre homens e mulheres;, explica o pesquisador do Núcleo sobre Sexualidades, Gêneros, Feminismos e Diferenças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Fábio Mariano. O machismo, por outro lado, é o esforço para manter as assimetrias entre os gêneros.

Patriarcado e masculinidade

O levantamento apontou que o conceito de "masculinidade tóxica" é desconhecido por 75% dos homens no Brasil. O termo explica que machismo e masculinidade hegemônica vêm a partir da construção do patriarcado, que é o sistema que, na construção do Estado, colocou as mulheres na esfera privada, cuidando da casa e dos filhos, e os homens na arena pública. ;Responsável por manter a casa e por ocupar os espaços da política, onde se disputa poder;, destaca Mariano.

;A masculinidade vem referendar isso dizendo para o homem: ;você precisa provar que é homem, assimilar determinados comportamentos;;, complementa o pesquisador. Essa construção é, segundo Mariano, tóxica ao dar aval para uma série de práticas nocivas.


Paternidade

Entre os comportamentos ligados ao padrão dominante de masculinidade que, de acordo com a pesquisa, vem sendo questionado pelos homens, está o cuidado com os filhos. Para 88% dos brasileiros, ser um bom pai é participar ativamente do cotidiano dos filhos. Enquanto 40% da audiência do YouTube de vídeos sobre cuidados com bebês é masculina.

;Ser pai é quem cuida, quem está junto o tempo todo, na medida do possível. Garantir uma casa limpa, as fraldas do bebê, as roupas lavadas. Fazer o rango. Dá um tapa na louça. Cuidar das contas. Cuidar da minha companheira;, afirma Marcel Segalla, de 33 anos, pai de Tiê, com menos de dois meses de vida.

Ele acredita ser preciso trabalhar ainda como transmitir bons valores à criança. ;Saber a história da minha família, história do mundo. Pensar como traduzir essa história de erros e acertos dos familiares da gente, da humanidade, em forma de aprendizado que eu consiga transmitir para o meu bebê;, completa.


Contradições

A combinação de atenção aos filhos com responsabilidade com as tarefas domésticas não é, no entanto, um consenso ente os brasileiros. Para apenas 34%, os homens também têm como tarefa o trabalho doméstico.

O pesquisador da PUC-SP ressalta que as contradições são ainda maiores. ;Os números têm, por um lado, crescido. Os homens têm buscado mais, os canais de YouTube têm mais assinantes. Mas os números de violência continuam crescendo;, aponta. ;O Brasil é o país que mais mata LGBTS, é o país em que uma mulher é assassinada a cada duas horas;, acrescenta o pesquisador sobre os fenômenos que atribui ao machismo, a masculinidade tóxica e a construção patriarcal da sociedade.

;Não adianta reconhecer e perpetuar. Você precisa avançar;, acrescenta Mariano. Ele defende que deve haver um esforço coletivo para descontruir ideias e práticas ligadas à construção da identidade do que é ser homem, mas que são nocivas à sociedade. ;Os homens precisam ser educados desde pequenos para comportamentos voltados à igualdade;.

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