Otávio Augusto
postado em 01/08/2018 06:00
Quarenta tiros em uma delegacia marcaram o quinto dia da onda de violência que assola Fortaleza. Dezesseis ônibus, seis carros e 15 prédios públicos e privados foram alvo de bandidos até ontem. Eles agem sobretudo com ataques incendiários. Roraima também registra casos similares. Lá, cinco dos 15 municípios do estado sofreram investidas violentas. A onda de violência pode ter sido ordenada por duas facções criminosas: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.
Na madrugada de ontem, duas delegacias foram atacadas a tiros. Já são cinco casos semelhantes. Em um deles, seis carros apreendidos acabaram incendiados. Ninguém ficou ferido. Mais de 40 tiros alvejaram uma delegacia na região metropolitana de Fortaleza. Dois policiais estavam no local e se esconderam dos disparos. Uma granada foi deixada nas proximidades de outro distrito policial da capital cearense. A polícia removeu o explosivo da área e conseguiu destruí-lo.
[SAIBAMAIS]Cinco pessoas estão presas acusadas de participarem dos ataques. Onze bairros registraram atentados, sendo que a Polícia Militar conseguiu frustrar outros três. A Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) atribui os ataques à morte de três assaltantes de bancos e carros-fortes na última quinta-feira. Eles respondiam na Justiça por mais de 30 assaltos.
O secretário de Segurança do Ceará, André Costa, diz que a onda de violência é uma represália do Comando Vermelho à morte dos três criminosos. ;Não vamos nos intimidar. Estamos reagindo a estes ataques. Já prendemos suspeitos e temos identificados outros. Não vamos dar trégua a bandidos que querem causar terror no estado;, afirmou.
Roraima também vive uma onda de ataques desde a noite de domingo. Pelo menos três bancos, uma delegacia, um quartel e um trailer da Polícia Militar foram atacados em Boa Vista. Outras quatro cidades do interior do estado também registraram depredações. Um ônibus e um caminhão de lixo foram incendiados, e a frota deixou de circular ontem, porque os motoristas ficaram com medo dos ataques. Para a polícia, a crise está ligada a uma fuga frustrada na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). ;Encontramos oito buracos cavados pelos presos que seriam utilizados para uma fuga. Nós conseguimos impedir, apreendemos mais de 30 celulares e anotações do crime organizado. Então acreditamos que esse tenha sido o verdadeiro motivo pelo qual os presos resolveram atacar. Uma espécie de represália criminosa;, criticou o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Edison Prola.