Brasil

MPF denuncia ex-secretário do Rio e esposa por lavagem milionária

Sérgio Côrtes e Verônica Vianna movimentaram, pelo menos, R$ 16 milhões em contas no exterior e não declararam às autoridades brasileiras

postado em 07/08/2018 19:32
Policiais federais cumprem mandado de prisão preventiva contra o ex-secretário estadual de Saúde do Rio e ex-diretor do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Sérgio Côrtes
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes e a esposa, a médica Verônica Fernandes Vianna, pelos crimes de evasão e lavagem de dinheiro e corrupção passiva, envolvendo quantias milionárias de dinheiro. A denúncia, apresentada na sexta-feira (3/8) passada, foi divulgada hoje (7/8).

[SAIBAMAIS]O valor, segundo o MPF, era oriundo de pagamentos de propinas das empresas da área médica de Miguel Iskin e Gustavo Estellita, em troca de favorecimento em licitações de produtos e insumos. O MPF ressaltou que Côrtes e Verônica movimentaram, pelo menos, US$ 4,3 milhões, ou R$ 16 milhões pelo câmbio atual, em contas no exterior, em dinheiro não declarado às autoridades brasileiras.

Na denúncia, chamou a atenção dos procuradores os gastos de Verônica em cartões de crédito e pré-pagos no exterior, que somados totalizaram US$ 1,4 milhão, equivalente a R$ 5,3 milhões. As faturas mensais do cartão de crédito tinham valores altos, como em junho de 2014, quando bateu em US$ 80 mil, ou R$ 301 mil. Mesmo em agosto de 2015, já com a Operação Lava Jato em plena ação, a esposa de Côrtes ainda fazia gastos altos no cartão de crédito, chegando a US$ 44 mil (R$ 165 mil).

O total de gastos em cartão de crédito, entre junho de 2011 e dezembro de 2015, segundo o MPF, foi de US$ 744 mil (R$ 2,8 milhões). Outra parte dos gastos ocorreu em cartões pré-pagos, abastecidos por conta bancária, e mais difíceis de terem os gastos rastreados. Entre maio de 2011 e abril de 2015, Verônica gastou US$ 670 mil (R$ 2,5 milhões) por meio de cartões pré-pagos.

Produtos de luxo

Os procuradores ressaltaram na denúncia os gastos luxuosos da esposa do ex-secretário. ;A análise dos extratos mensais demonstra que Verônica Vianna realizava comumente gastos em bens de luxo com recursos oriundos da vantagem indevida auferida por Sérgio Côrtes;, escreveram na denúncia. Como exemplo, citaram gastos em compras, todas em Nova York, de US$ 7,7 mil na loja Tourneau; US$ 5,2 mil na loja da Bulgari; US$ 4,3 mil na loja da Prada; e US$ 3,4 mil na loja Hugo Boss, entre os anos de 2011 e 2015.

Outro gasto apontado pelo MPF foi de hospedagem no Hotel Cipriani, em Veneza, no total de US$ 20 mil. O Cipriani é considerado um dos hotéis mais caros da Itália, com diárias que giram em torno de US$ 900.

Ao final da denúncia, o MPF requereu a condenação dos denunciados e o perdimento dos valores repatriados do casal, além da ;condenação a um valor mínimo correspondente ao dobro dos valores lavados e recebidos a título de propina por cada um dos denunciados, para reparação dos danos morais e materiais causados pela infração;.

Posição da defesa

O advogado Gustavo Teixeira, que representa Côrtes e Verônica, se manifestou por nota, dizendo que a denúncia repete fatos anteriores e que o dinheiro existente em conta no exterior já foi devolvido. ;A defesa afirma que a denúncia oferecida hoje pelo Ministério Público Federal é uma repetição de fatos já apresentados em outra acusação e que os valores então existentes naquela conta foram espontaneamente devolvidos em agosto de 2017, demonstrando intuito colaborativo e reparador;, disse Teixeira.

Estellita foi denunciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Iskin foi denunciado também por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de ambos.

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