Agência Estado
postado em 01/09/2018 11:43
O professor Gonzalo Vecina Netoda, da Faculdade de Saúde Pública da USP, avalia que uma ideia mais rápida é incentivar os Estados a montar redes regionais de assistência à Saúde. Confira abaixo:
A redução das ocorrências de infecção hospitalar influencia diretamente a vida dos pacientes e os custos das unidades, afirma o Ministério da Saúde. Segundo a pasta, o projeto tem o objetivo de salvar 8,5 mil vidas nas UTIs dos hospitais públicos e também reduzir os gastos das internações em até R$ 1,2 bilhão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde (Iras) são os eventos adversos que mais matam nos serviços de saúde no mundo.
Assumindo o novo presidente, quais medidas concretas poderiam ser as primeiras tomadas para começar a solucionar os problemas da saúde?
O financiamento é crítico, mas depende de repensar a emenda constitucional 95 (de 2016, que estabeleceu o teto de gastos no País), e essa é uma discussão que vai demorar uns seis meses, mas terá de ser retomada entre o Legislativo e o Executivo para ver como será resolvida a questão dos gastos públicos. Uma coisa mais rápida é incentivar os Estados a montar redes regionais de assistência. Não faz sentido continuar com a municipalização autárquica. Outra coisa é incentivar a utilização de tecnologia de informação, fazer com que o big data se transforme em realidade dentro da assistência à saúde.
Muito se falou da integração entre o privado e público durante o evento. Qual é o caminho?
Uma discussão é sobre a substituição da gestão de instituições públicas estatais pelo setor privado, como por organizações sociais e parcerias público-privadas. Temos de nos debruçar sobre isso. Outra é pensar em criar modelos colaborativos entre o público e o privado, como integrar ao sistema as clínicas populares. Eu vejo problemas nisso, porque a pessoa tem ali um tratamento episódico, mas às vezes sua doença é contínua e ela vai precisar de atendimento contínuo. Não resolve nada. Precisamos de uma capacidade de atender horizontalmente a demanda. É o que o Programa Saúde da Família faz. Uma terceira coisa é buscar integração entre os sistemas de atenção público e privados de alta complexidade, como transplante, grandes cirurgias ortopédicas e cardíacas. Não tem porque ter em cada esquina. Poderia haver alguns centros especializados, públicos ou privados, para onde se mandariam todo os pacientes, do SUS ou de plano de saúde. Todos poderiam usar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.