Brasil

Acervo pode estar salvo em cofres e armários, dizem pesquisadores

Entre as peças do acervo que podem ter resistido ao fogo está o crânio de Luzia

postado em 03/09/2018 20:15
Pesquisadores e funcionários retiram peças dos escombros do Museu Nacional após incêndio
Pesquisadores do Museu Nacional nutrem a esperança de que parte do acervo, justamente peças mais raras e valiosas, possa ter sido salva do fogo dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre essas, está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 12 mil anos.

[SAIBAMAIS]Eles reconhecem que o trabalho não será fácil, pois o interior do prédio ainda está muito quente e os dois andares superiores desabaram sobre o térreo, formando uma grossa camada de cinzas, carvão, ferros retorcidos e tijolos.

A vice-diretora do museu, Cristiana Serejo, estima que serão necessários, pelo menos, .

;As pessoas foram de manhã tentar achar a Luzia, mas parece que ela estava em uma caixa e tem muito escombro. A gente não sabe se dentro dessa caixa ela possa ter resistido. Tem que haver a perícia, para liberar o prédio e os pesquisadores entrarem de fato e retirar os escombros. A parte lá de trás, do departamento de geologia e paleontologia, parece que sobrou alguma coisa;, disse a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo.

Segundo ela, alguns departamentos guardavam peças mais valiosas dentro de cofres que podem ter resistido às altas temperaturas. ;Existe [esta possibilidade]. A gente vai ter que aguardar. Mas a coleção de entomologia, de insetos, que ficava no terceiro andar, não resistiu. Isto foi uma perda gravíssima. Estava em armários compactadores, mas como desabaram, foi um impacto muito grande;, afirmou Cristiana.

Dinossauros

Os esqueletos de dinossauros que estavam em exposição eram, em sua maioria, réplicas, segundo o pesquisador Helder de Paula Silva, um dos responsáveis pela coleção de paleontologia. Grande parte, com maior valor científico, ficava dentro de um armário de aço compactador, que é fechado e pode resistir a impactos e a altas temperaturas, desde que não sejam extremos.

;Nós ainda temos esperança de que a coleção tenha se salvado, pois uma boa parte desse material não estava na parte que foi mais atingida, que era a da exposição, e sim na reserva técnica, dentro de armários compactadores. A maioria desses armários estava fechada, no térreo, e foi atingida por material que caiu dos andares superiores. Então não dá para saber o estado do material que estava lá dentro. Mas temos esperança de que alguma coisa tenha sido preservada em condições de ainda ser aproveitada;, disse Helder.

Biólogo, Helder foi um dos primeiros a chegar ao museu, cerca de meia hora depois do incêndio começar, por volta das 19h30 de domingo (2/9). Ele ajudou a guiar os bombeiros a entrarem no prédio e ficou no local até as 3h, quando foi para casa. Com apenas duas horas de sono, ele retornou ao prédio do museu às 6h.

;O crânio de Luzia estava em uma região que foi bem atacada pelo fogo, difícil de ser acessada, e não conseguimos localizar;, contou Hélder. Já sobre as múmias egípcias, ele considerou que foram totalmente perdidas, com exceção de uma, que estava em uma sala e que talvez esteja ainda preservada.

O pesquisador e professor Renato Cabral Ramos também tem esperanças de encontrar algumas peças intactas, que ficaram guardadas dentro de cofres nos departamentos.

;Eu estive no departamento junto com um bombeiro para vermos a situação. Estava muito quente, com muita fumaça, o chão ainda fumegando. Eu vi que os armários compactadores, de aço, ainda estão em pé, com muito entulho em cima. A gente tem esperança de que os fósseis ali dentro possam ser salvos, assim como os materiais que estavam dentro dos cofres;, disse o pesquisador.

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