Brasil

Governo institui conselho pretende reduzir em 3,5% o número de homicídios

A meta de redução da taxa de assassinatos no país prevê um compromisso de 10 anos

Rodolfo Costa
postado em 17/09/2018 17:34
Homem com uma arma na cabeça
O governo federal instaurou nesta segunda-feira (17/9) o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. O comitê será responsável por coordenar e integrar ações de combate à violência e ao crime organizado. A principal meta é reduzir em 3,5% o número de homicídios Brasil, de maneira a atender um compromisso firmado com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Embora a queda almejada de 3,5% seja pequena, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, alerta que, atualmente, os homicídios sobem a uma taxa de 4% ao ano. ;Lembro que estudos feitos demonstram que países como África do Sul e Colômbia levaram entre 10 a 20 anos (para atingir a meta). E encaramos os 3,5% como piso para a redução dos homicídios;, ponderou.

A meta em reduzir a taxa de homicídio no país prevê um compromisso de 10 anos. Mesmo ciente de que o governo do presidente Michel Temer não terá continuidade, Jungmann diz que é importante não esperar mais ;um dia sequer;. ;A lei devidamente aprovada e sancionada pelo senhor presidente impõe a instalação deste conselho para que tenhamos um plano. Os futuros presidentes que vierem que o refaçam. Que o atualize. Que o desenvolvam. Estamos deixando um legado;, declarou.

O conselho terá a participação de representantes da União, dos estados, do DF e dos municípios, bem como de integrantes da sociedade civil. Os entes federativos compartilharão informações para traçar metas e estratégias para combater a violência e o crime. ;Como é possível combater um crime que, hoje, a partir de uma penitenciária federal em Rondônia, gera uma guerra na Rocinha (no Rio de Janeiro)? Sem integração, não é possível combater um crime que, hoje, principia a se espraiar para nossas fronteiras e nossos vizinhos;, ponderou Jungmann.

Somente em 2017, o Brasil registrou 63 mil homicídios. Jungmann afirmou que o país tem 3% da população mundial e que é responsável por 11% de todos os homicídios cometidos no mundo. ;Isso levou aqui, nos últimos 30 anos, 1,4 milhão de vidas ceifadas. Isso equivale a dizer que é como se, de repente, sumisse uma cidade da dimensão de Porto Alegre, de Goiânia, ou mesmo uma cidade do tamanho de Belém;, declarou o ministro.

A nacionalização e a internacionalização do crime são realidades, observou Temer. Não à toa que o governo mantém contatos com os países fronteiriços, destacou. ;A criminalidade é muito organizada e, às vezes, a organização busca superar a organização da segurança pública do nosso país. E é interessante que vi que, muitas vezes, nessa hierarquização da criminalidade, o sujeito está preso e, da penitenciária, cuida do crime organizado do país;, ponderou.

O conselho foi elogiado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Ele ressalta que a proposta quebra a ideia de que a segurança pública é uma competência apenas dos estados. ;No mundo globalizado, em que a criminalidade se internacionalizou e que o combate à criminalidade vai para além dos estados federados, como combater um crime em uma federação sem um sistema nacional que permita uma política pública integrada que vá, desde a prevenção, até a ressocialização? E de maneira muito feliz este conselho mostra bem a necessidade da participação das várias áreas que são necessárias para promover a segurança social.;

A instituição do comitê também foi parabenizada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. ;Jovens brasileiros estão cada vez vivendo menos por causa da violência urbana. É preciso tomar medidas para assegurar a esta juventude um futuro promissor que merecem;, avaliou. O elogio também seguiu o mesmo tom de Toffoli. ;Quebraram um ciclo de tradições de ausência do governo federal como gestor dessa política (de segurança pública);, declarou.

Conselho

Integram o conselho seis integrantes do ministério da Segurança Pública: o ministro, Raul Jungmann, e os titulares da Secretaria Executiva, Luis Carlos Cazetta, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, João Tadeu Fiorentini, o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Dias, e o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional, Tácio Muzzi. Participam, ainda, representantes de outras 20 instituições, do Executivo, Judiciário e Legislativo federal, estadual e municipal, bem como representantes de entidades de profissionais de segurança e especialistas do setor.

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