Otávio Augusto
postado em 25/09/2018 06:00
A cada 46 minutos, uma pessoa atenta contra a própria vida no Brasil. As estatísticas mais recentes são de 2016, ano em que ocorreram 11.433 suicídios. A prática tem aumentado. Em 2015, foram 11.178 ; crescimento de 2,3%. Para frear o problema, o Ministério da Saúde investirá R$ 4,5 milhões em ações e pesquisas.Desde agosto, as ligações para o 188, telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV), passaram a ser gratuitas em todos os estados do país e no Distrito Federal. Pelo número, os cidadãos recebem apoio em momentos de crise e ajuda para a prevenção ao suicídio. Apesar da tendência de aumento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem a meta de reduzir em 10% os óbitos por suicídio até 2020.
Entre 2007 e 2016, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 suicídios. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes. O Sudeste concentrou quase metade (49%) das notificações seguido da região Sul, que apresenta cerca de 25%. O Norte teve os menores índices, em torno de 2%.
Para se ter ideia da gravidade, somente por intoxicação provocada, os casos subiram mais de 360%. Em 2017, o número registrado foi cinco vezes maior do que 2007. Saiu de 7.735 para 36.279 notificações.
O suicídio afeta sobretudo adolescentes, adultos jovens e idosos. Os especialistas dizem que as razões são multifatoriais (social, biológica e psicológica). Segundo os médicos, o essencial é estar atento aos sinais para mitigar os casos e ajudar na busca por tratamento especializado.
;Falhas;
Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, defende a atuação das autoridades públicas. ;Dependemos de os municípios aderirem à proposta de saúde mental. Implantar os serviços e tomar as decisões necessárias. Estamos com a mesma política há 30 anos e somente a taxa de suicídio aumentou;, critica.Para ele, a estatística mostra como o combate é ineficaz. ;A taxa está crescendo. As mortes por HIV caíram, por acidentes de trânsito caíram, por que só as de suicídio não caem? A cada morte, outra não é contabilizada. Há casos que não se consegue identificar e outros não são notificados;, conclui.
Integrante da câmara técnica do Conselho Federal de Medicina, o psiquiatra Carlos Salgado insiste na prevenção. ;Estamos combatendo uma epidemia. O fundamental é saber que sempre há o que fazer para ajudar;.
Para Michele Müller, especialista em neurociência clínica e neuropsicologia educacional, o suicídio deve ser encarado como fenômeno social grave. ;Existe uma preocupação para uma abordagem mais ampla. Escutar com ouvidos compreensivos. Estamos exercitando pouco a nossa capacidade de conversar;, pondera.
Alerta
Na última semana, autoridades do Ministério da Saúde consideraram os números alarmantes. ;A sociedade precisa estar orientada em relação às modalidades de tratamento para que as pessoas possam ter o cuidado de acordo com a necessidade clínica;, destaca o coordenador de Saúde Mental, Quirino Cordeiro.Segundo a diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde, Fátima Marinho, a questão piorou. ;Esses números vão ajudar a chegar aos principais focos para identificar melhor as causas e qualificar as nossas ações de saúde pública;, avalia.
Panorama mundial
Em todo o mundo, estima-se que 800 mil pessoas se suicidam anualmente, uma a cada 40 segundos, o que equivale a 1,4% dos óbitos totais. Cerca de 80% ocorrem em países de renda média e baixa.Saiba mais
Veja dicas para prevenir o suicídio; Atenção a mudanças de comportamento repentinas.
; Esteja aberto a conversas.
; Auxilie na busca por tratamento especializado.
; Cuide do seu estresse praticando atividades.