Otávio Augusto
postado em 26/09/2018 18:12
Uma severa crise no Hospital de Urgências de Goiânia, uma das três maiores do centro-oeste, desencadeou uma série questionamentos de órgãos de controle. O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás apura as condições de funcionamento. A Superintendência Regional do Trabalho no Estado de Goiás foi mais dura. Quer a interdição do local. Na tentativa de estancar a tensão, o secretário de Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, vistoriou e minimizou os problemas. Apesar disso, a unidade deixará de atender pacientes considerados menos graves.
O principal problema na unidade de saúde é o desabastecimento de insumos e medicamentos. Auditoria da Superintendência Regional do Trabalho identificou mais de 100 remédios em falta. O órgão exigiu um plano de contingenciamento para o hospital continuar funcionando. Emergencialmente, o governo goiano liberou R$ 2 milhões para a compra de insumos. Os problemas foram denunciados por médicos, farmacêuticos e enfermeiros.
A auditoria concluiu que as falhas ;colocam em risco grave, iminente e recorrente; a vida dos profissionais e dos pacientes. Para continuar de portas abertas, a unidade deverá reduzir a admissão de novos pacientes, além de criar ;protocolos emergenciais; para que os pacientes internados sejam atendidos dentro do previsto pelas regras de segurança do trabalho. Itens como dipirona, soro, álcool, algodão, seringa e agulhas.
Os peritos concluíram que a situação do hospital é gravíssima e que não deveria receber novos pacientes. ;A confiabilidade dos procedimentos médicos e da enfermagem estão gravemente ameaçados em razão das condições de trabalho precárias. Não existe prestação de saúde segura para trabalhadores e pacientes;, destaca o documento.
Jaqueline Carrijo, auditora da Superintendência Regional do Trabalho, destaca a necessidade de adequar o atendimento do hospital a sua real capacidade de assistência. ;O objetivo não é fechar as portas do hospital, mas que ele adeque às possibilidades reais. A medida (interdição) é necessária até que haja uma regularidade nos estoques;, defende.
O hospital é administrado pela organização social (OS) Instituto Gerir. Os técnicos da Superintendência Regional do Trabalho identificaram uma dívida de R$ 20 milhões da Secretaria de Saúde de Goiás com a instituição, que se queixa de repasses insuficientes para manter o hospital.
O procurador da República Ailton Benedito de Souza do Ministério Público Federal (MPF) em Goiás acompanha o caso. Ele prepara um procedimento que apura eventuais ações e omissões ilícitas por parte da União, do Estado de Goiás e do Instituto Gerir no funcionamento do hospital. No início da semana, ele reuniu os responsáveis pela unidade média para cobrar esclarecimentos. ;Isso não pode ser tratado apenas emergencialmente e na próxima semana venha se repetir o mesmo problema;, avalia.
O secretário de Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, passou a manhã desta quarta-feira (26/9)no hospital e ao deixar a unidade garantiu que o local funciona em ;absoluta normalidade;. ;O hospital está abastecido e com 95% dos leitos ocupados, cirurgias ocorrendo normalmente. Os medicamentos com baixo estoque serão entregues até sexta-feira;, avaliou.
Vilela descarta a suspensão de serviços e atribui as críticas ao período eleitoral. ;O período do eleitoral exacerba a situação. Temos unidades piores e que não sofrem essas críticas. problemas pontuais existem, mas isso não afetou o funcionamento do hospital e da segurança dos pacientes;, rebateu.
No fim da tarde, o governo goiano enviou um plano de emergência ao MPF e à Superintendência do Trabalho. A proposta é que somente pacientes com a ;classificação de risco para as urgências e emergências; sejam recebidos. As demais situações serão enviadas a outras unidades.
O HUGO em números
;407 leitos de internação
;4 unidades de UTIs, com 58 leitos
;3 mil atendimentos de urgência e emergência por mês ,
;2.600 atendimentos ambulatoriais mensais
;45 cirurgias de grande porte por dia (maioria ortopédicas por trauma)