Brasil

25 estados brasileiros viram a pobreza aumentar nos últimos quatro anos

Estudo aponta Nordeste como líder em pobreza e Maranhão como estado com maior número de famílias miseráveis

Bruno Santa Rita*
postado em 10/10/2018 19:23
No âmbito nacional, a miséria subiu para 4,8% da população em 2017
O Brasil deu mais um passo em direção à pobreza. Nos últimos quatro anos, a miséria só não aumentou em Tocantins e Paraíba. Nos outros 25 estados do país, mais famílias lidam com renda mensal de até R$ 85,00 - condição de extrema pobreza, segundo medição do governo. De acordo com o levantamento da Tendências Consultoria, o Nordeste é a região brasileira que mais teve aumento de família nessa condição. O Maranhão é o estado na liderança de regiões com maior percentual de famílias em situação de pobreza.

No âmbito nacional, a miséria subiu para 4,8% da população em 2017, em média. Em 2014, o número apontava 3,2%. Os três estados com maiores aumentos foram, respectivamente, Maranhão (12,2%), Acre (10,9%) e Bahia (9,8%). Para o sociólogo e pesquisador em gestão pública da Universidade de Brasília (UnB) Lendro Grass, o aumento da miséria no país está diretamente ligada à recessão. ;Tem a ver com a recessão, com a diminuição dos investimentos em infraestrutura, com o corte em políticas sociais e, claro, com a conjuntura econômica atual do país;, definiu.

Grass explica que, historicamente, o Nordeste brasileiro é vítima da pobreza por conta do organograma político da região e da defasagem em investimentos. ;A região sempre foi submetida à oligarquias, com grandes caciques que não permitiram o desenvolvimento da região;, apontou. Além disso, ele frisa que a seca não é o único problema para os nordestinos. ;É preciso valorizar os potenciais econômicos da região. No Nordeste, a produção de energia solar é um desses pontos;, afirmou.

O professor do departamento de economia da Unb Carlos Alberto Ramos atrelou a crise ao pequeno crescimento do Produto interno Bruto (PIB). ;Isso afeta o setor produtivo, que por sua vez, aumenta o desemprego;, disse. Ele lembrou que o trabalho informal - que ganha mais espaço nesses momentos - não costuma ter salários muito altos, dependendo da área. ;Em termos de renda, acaba diminuindo. Isso tudo contribui para a pobreza;, afirmou.

Outro vilão na visão do economista para a pobreza no Nordeste é a fragilidade da renda per capita do local. ;Lá eles já recebem muito pouco. Qualquer embate econômico mais forte pode abalar as famílias;, informou. Ramos acredita que a tendência é que o Brasil continue caminhando em sentido da pobreza. ;A economia aponta para isso. O crescimento ainda é muito pequeno. Precisaríamos, para combater a pobreza, crescer, no mínimo, uns 3% a 4% ao ano;, analisou.

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