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Canadá emite recorde de vistos de residência para brasileiros

Levantamento feito pelo Estado, com base nos dados do Consulado-Geral do Canadá no Brasil, mostram que nos últimos quatro anos houve um aumento exponencial de vistos de residência permanente concedidos pelo governo canadense a cidadãos brasileiros

A terra do futebol exporta cada vez mais gente para a do hóquei. Levantamento feito pelo Estado, com base nos dados do Consulado-Geral do Canadá no Brasil, mostram que nos últimos quatro anos houve um aumento exponencial de vistos de residência permanente concedidos pelo governo canadense a cidadãos brasileiros, chegando a um volume recorde em 2018.

Em 2015, 1.750 brasileiros receberam visto canadense para morar nas províncias do país, uma média que se manteve em 2016, quando 1.730 pessoas trocaram o Brasil pelo Canadá. No ano passado, porém, esse volume chegou a 2.760 vistos liberados, um aumento de 62% sobre o ano anterior. Neste ano, contudo, o volume é recorde: só entre janeiro e agosto, o Consulado do Canadá já aprovou 2.800 vistos de residência permanente para brasileiros. Se for considerada a média, o volume total deverá chegar a 4 mil vistos de residência permanente em 2018.

Para o brasiliense Marcus Fraga, de 34 anos, que partiu para o Canadá em 2015 e hoje estuda e trabalha na Universidade de Montreal, o aumento do interesse em deixar o Brasil se explica não apenas pelos atrativos do exterior, mas pelos problemas históricos brasileiros: crise política e econômica, falta de segurança e corrupção. "Sinceramente, está muito difícil voltar ao Brasil. As notícias que recebemos não ajudam em nada."

Fraga trilhou um caminho comum para muitos que decidem viver no Canadá. Buscou um curso de pós-graduação, atrelou esses estudos ao trabalho e, a partir daí, decidiu morar no Hemisfério Norte. O número de vistos de estudo liberados a brasileiros pelo governo canadense confirma a trajetória. Em 2015, o país autorizou 5.370 documentos dessa categoria. Em 2016, esse número saltou para 5.962 vistos e, no ano passado, chegou a 6.887.

Questionado, o Setor de Vistos e Imigração do Consulado-Geral do Canadá creditou o interesse a esclarecimentos e facilidade de acesso. "Nos últimos dois anos, a seção de vistos e imigração do Brasil forneceu sessões informativas em várias cidades do País sobre o principal programa de imigração do Canadá, o Express Entry. Como exemplo, teremos duas próximas sessões de informação no Rio na próxima semana", declarou. O Canadá tem liberado cerca de 280 mil vistos de residência permanente todos os anos, para todas as partes do mundo. Neste ano, sua expectativa é de receber 310 mil imigrantes. "E isso inclui muitos brasileiros", afirmou o consulado.

Perfil


Há ainda uma mudança de perfil em curso, como relata Ed Santos, sócio-fundador de duas empresas de assessoria para imigrantes e intercambistas brasileiros no Canadá. Segundo ele, hoje a maioria dos clientes que atende é de famílias com filhos menores de 5 anos, enquanto, anos atrás, era de jovens na casa dos 20 anos. "O Canadá é um dos pouquíssimos países desenvolvidos que tem uma política agressiva de imigração. Ele explica que o processo de seleção considera a idade (o ideal é menor de 29 anos), a formação acadêmica, a experiência profissional, proficiência linguística (inglês e/ou francês) comprovada e se há oferta de emprego. "Muita gente procura já sair com emprego para migrar, mas é difícil." Santos diz que atende de seis a oito processos de migração de brasileiros por mês, com custo médio de R$ 16,2 mil.

Os casos são como o de Alexandre Furstenberger, de 33 anos, e Vanessa de Araújo, de 38 anos. "É aqui", pensaram, ao passar férias no Canadá há um ano. O casal de engenheiros já cogitava se mudar para o exterior, mas não tinha certeza do destino. "A gente se apaixonou pelo país, achou o máximo", diz Furstenberger. Ele e Vanessa foram em definitivo para Toronto na quinta-feira, 18, com os gatos Isadora e Oliver e o cão Anakin. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.