Brasil

Sul do Amazonas, Acre e Rondônia em chamas

Agência Estado
postado em 23/10/2018 18:08
A temporada de fogo na Amazônia já deveria estar no fim, mas a floresta continua pegando fogo. É que alerta a ONG Greenpeace, que fez um sobrevoo no início deste mês ao sul do Amazonas, Acre e Rondônia e registrou diversos focos ativos e diversas áreas que recentemente viraram cinzas. Foram identificados focos ativos no entorno, mas também dentro de áreas protegidas. A Terra Indígena Sissaíma, do povo Mura, em Careiro da Várzea (AM), por exemplo, estava ainda queimando quando foi feito o sobrevoo. Os ambientalistas também observaram rastros de queimadas no sul do Estado, em torno da Terra Indígena Tenharim Marmelos, próximo de Humaitá, na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre, e em diversas outras áreas no entorno de Rio Branco. Em Rondônia, foram vistas marcas de fogo na terra indígena do povo Karipuna. De acordo com Danicley de Aguiar, campaigner do Greenpeace na Amazônia, o fogo chama a atenção tanto por estar ocorrendo já ao final da temporada de queimadas - quando em geral se veem poucos focos -, quanto pela região onde eles foram detectados. "O arco do desmatamento está se movendo para novas áreas, cada vez mais para o sul do Amazonas", comenta o ambientalista. É um processo de conversão de florestas que já estavam degradadas, define. Ou seja, de limpeza da vegetação nativa, que já tinha sido afetada antes, para a colocação, provavelmente, de pasto. Em 2018, apesar da tendência geral de queda no número de focos de calor na Amazônia Legal, estados críticos em desmatamento registraram mais fogo. Crédito: Daniel Beltrá / Greenpeace Há um temor de que se trata de um movimento já provocado pelas eleições e por declarações do candidato Jair Bolsonaro (PSL), que prometeu acabar com o que chama da "indústria da multa" do Ibama, fazer uma fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura e sair do Acordo de Paris. Um de seus principais aliados, o general Oswaldo Ferreira, também se mostrou saudosista à época em que não tinha "Ibama para encher o saco" de quem derrubasse árvore. Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais apontam para uma alta de 36% no desmatamento entre junho e setembro deste ano, na comparação com o ano anterior. O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, também vem fazendo alertas nesse sentido. Ele reconhece que a floresta está queimando além do esperado e que as taxas recentes tiveram uma alta. "Já estamos percebendo uma movimentação diferente de aumento de pressão sobre a floresta neste período eleitoral. A Amazônia é muito sensível. A pressão avança quando há sinais de mudança no horizonte. E ao falar em indústria da multa, o debate pode incentivar a impunidade", disse ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada.

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