João Henrique do Vale/Estado de Minas, Cristiane Silva/Estado de Minas
postado em 25/10/2018 18:22
Morreu, na manhã desta quinta-feira, o empresário do ramo de segurança Jerônimo da Silva Leal Júnior. Ele foi baleado durante o tiroteio envolvendo policiais civis de Minas Gerais e São Paulo em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na semana passada. Jerônimo estava internado em estado grave desde a última sexta-feira no Hospital Monte Sinai, que confirmou a morte no início desta tarde.
[SAIBAMAIS]Jerônimo era dono da empresa contratada para fazer a segurança do também empresário Flávio de Souza Guimarães. As investigações apontam que ele teria ido a Juiz de Fora trocar dólares por reais. Para isso, teria contratado a empresa de Jerônimo, que chamou policiais civis para fazer a escolta. Um dos policiais é irmão de Jernônimo. Na outra ponta da negociação estaria Antonio Vilela, que levaria os reais e também teria contratado policiais para apoiá-lo. A troca de tiros supostamente aconteceu após a descoberta de que haveria reais falsos nas malas, no estacionamento de um hospital.
Defesa pede habeas corpus para empresário envolvido em tiroteio entre policiais
Ontem, advogados de Jerônimo da Silva Leal Júnior chegaram a entrar com um pedido de habeas corpus, que era analisado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele estava com a prisão preventiva decretada. Os advogados também queriam que ele fosse transferido para um hospital de São Paulo.
O empresário Flávio Guimarães prestou depoimento na segunda-feira na Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo. Ele informou que é presidente de uma empresa voltada para o mercado de engenharia e construção há dois anos e que, no cargo, teve acesso a informações de um empresário de Juiz de Fora que realizava empréstimos para pessoas jurídicas. Disse que se interessou pelo negócio e repassou as informações aos superiores da empresa, que o autorizaram a seguir com a transação.
Diante disso, segundo afirmou em depoimento, entrou em contato com Antônio Vilela, o empresário de Juiz de Fora que seria dono de malas com R$ 15 milhões em notas falsas apreendidas no local do tiroteio. Ainda de acordo com o depoimento, quem o atendeu foi outro homem, que afirmou ser funcionário de Vilela. Depois de negociações, foi marcado um encontro na cidade minera para seguir com as conversas, que envolveriam um empréstimo entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões.
O empresário disse ainda que era a primeira vez que realizava uma negociação daquela modalidade, por isso tinha preocupação com a segurança. Justificou a escolta ainda afirmando que havia notícias no mercado de que a região de Juiz de Fora é conhecida pela prática de golpes, inclusive contra executivos. Ainda segundo o empresário, diante dos temores ele entrou em contato com a empresa de Jerônimo, que já estaria acostumada a fazer segurança particular aos executivos quando viajavam. Segundo Flávio Guimarães, foram pagos R$ 30 mil pelo serviço. Eles disse que manteve contato apenas com Jerônimo e que não sabia que policiais civis faziam parte da escolta. Nove policiais civis paulistas participaram da ;escolta vip;.
Quando já estava em Juiz de Fora, ele teria se encontrado no restaurante de um hotel com Antônio e o funcionário dele, segundo consta no inquérito. Horas mais tarde, teria sido levado até o estacionamento do prédio comercial onde a confusão foi registrada. Ainda no depoimento, Flávio Guimarães disse que o empresário mineiro o levou até um carro, um Etios, e abriu o porta-malas onde estavam algumas bolsas. Uma delas, com notas de R$ 100 teria sido aberta. De acordo com o empresário, ele recusou a transação, sob o argumento de que não fora ;aquele o combinado contratualmente;. Ele teria saído do local e, junto com sócios que estavam no hotel, voltado para São Paulo. Disse, ainda, que só ficou sabendo da troca de tiros quando já estava na capital paulista. (Com informações da Agência Estado)
O que já sabemos sobre o caso
; Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
; Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jerônimo Silva, é dono de empresa de segurança particular que acompanhava o grupo de São Paulo e irmão de um dos policiais paulistas. Ele segue internado. O outro paciente, Antônio Vilela, empresário de Juiz de Fora que estaria transportando R$ 15 milhões em notas falsas, recebeu alta e foi preso
; O confronto ocorreu em meio a uma transação suspeita entre Vilela e Flávio Guimarães, empresário de São Paulo. As apurações dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empresário mineiro, enquanto os de São Paulo garantiam a segurança do empresário paulista
; Até o momento, a investigação aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um segurança particular que acompanhava o grupo do empresário paulista com oito policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados
; Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem
; Três policiais de Minas foram autuados por prevaricação e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro
; Os dois homens que foram baleados na troca de tiros também tiveram as prisões preventivas decretadas
; Do mesmo grupo de São Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.
; O empresário Flávio Guimarães fugiu da cena e se apresentou ontem em São Paulo. Ele negou que estivesse transportando dólares e disse que estaria no local para tomar empréstimo. Indicou ainda que não sabia que havia policiais na escolta
; O empresário de Juiz de Fora que participaria do negócio, Antônio Vilela, foi baleado no pé. Ele recebeu alta na noite de domingo e ficou a cargo do sistema prisional
; Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) designou uma equipe para acompanhar as apurações. Dois promotores de Juiz de Fora e outros três ligados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO)
; A Ouvidoria de Polícia de São Paulo enviou ofícios para a superintendência da Polícia Federal (PF) do estado e para o Ministro de Segurança, Raul Jungman, para que a PF acompanhe o caso