Agência Estado
postado em 06/11/2018 10:21
Na movimentada Rua dos Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, com restaurantes e bares lado a lado, o dia amanheceu nesta segunda-feira, 5, com pinturas amarelas no asfalto. Isso despertou a curiosidade de pedestres e motoristas. No trecho entre as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes, um projeto de extensão da calçada vai ocupar o espaço equivalente a 20 vagas de estacionamento da Zona Azul - ou 790 metros - durante 35 dias. O modelo é inspirado em experiências de cidades como Buenos Aires, Nova York e Cidade do México.
O engenheiro Alberto Amorim, de 56 anos, que caminha por ali diariamente de casa até a estação do metrô, foi pedir informações a uma agente de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET): "E agora, onde os carros vão encostar para fazer o embarque e desembarque de passageiros? Precisava disso durante a semana, se somente aos fins de semana é que as calçadas ficam cheias?".
Em caráter experimental, a intervenção ocupa o trecho da Rua dos Pinheiros até o dia 10 de dezembro. Se for bem recebida, pode ser estendida por mais 30 dias.
Nas esquinas, uma pintura alarga as calçadas em amarelo chapado. No meio das quadras, grafismos em formato de seta foram pintados no chão. Nesta terça-feira, 6, chegarão 25 bancos de madeira e floreiras que serão colocados no local, junto de cones, para isolar fisicamente os pedestres dos veículos.
Nesta segunda-feira, a segurança era a principal preocupação da aposentada Nívea Seabra, de 64 anos, carioca que mora temporariamente na região com o filho e a nora. "O fluxo de carros aqui é grande. Vamos ver se os motoristas vão respeitar. A ideia é boa. Vai ficar até bonito com as floreiras", diz. "Vai ser bom para o paulista, que é tão fechadinho nos condomínios."
Moradora da região, a antropóloga Aline Carvalho, de 34 anos, aprovou a ideia. "É uma forma de fazer o pedestre mudar a relação com a rua. Vamos ver se as pessoas vão perceber que é uma extensão da calçada. As pessoas não estão percebendo ainda", afirma.
Origem
A ideia surgiu a partir do Festival Pinheiros, que fecha ruas do bairro aos domingos para atrações culturais e é realizado sob o comando do comércio do bairro. Há cerca de 6 meses, o Coletivo Pinheiros, que reúne comerciantes da região, fez quatro reuniões com a Prefeitura, a CET e a Iniciativa Bloomberg Para a Segurança no Trânsito em São Paulo, parceira do projeto. O grupo também mobilizou o patrocínio da 99, empresa que banca o mobiliário e as floreiras.
"O espaço é de convivência, não de consumo. O cliente pode pegar alguma coisa no estabelecimento, sentar ali e consumir. Mas não servimos. O uso não está restrito ao consumo, mas à ampliação de circulação do pedestre. E nosso cliente gosta de caminhar pela rua", diz a presidente do Coletivo Pinheiros, Vanêssa Rochha Rêgo.
No trecho da intervenção, a CET reduziu a velocidade máxima para 40 km/h e nesta segunda agentes de trânsito estavam no local dando orientações a pedestres e motoristas. A velocidade máxima no restante da Rua de Pinheiros é de 50 km/h, considerada "inadequada" pela coordenadora de desenho urbano da Iniciativa Bloomberg Para a Segurança no Trânsito em São Paulo, Hannah Machado. A especialista recomenda 30 km/h. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.