Agência Estado
postado em 09/11/2018 19:12
O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse nesta sexta-feira, 9, que quer transformar o turismo no "novo petróleo" do Estado e que a Companhia de Turismo (TurisRio) seja uma "nova Petrobras". Witzel estabeleceu como meta que o número anual de visitantes chegue a 12 milhões - dez vezes maior do que o volume hoje de estrangeiros no Rio e quase o dobro dos turistas que visitam o Brasil inteiro.
"O turismo do Rio é o nosso novo petróleo. É um PIB que cresce 4,5%, 5% no mundo. O desafio que temos é gigantesco. O Rio tem potencial de receber um milhão de turistas por mês. Podemos ter ao longo do ano 12 milhões, o que ainda ficaria muito aquém de cidades como Nova York e Paris, com mais de 20 milhões", disse, ao anunciar, no auditório da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), o secretário de Turismo: o deputado federal Otávio Guedes (PSDB), que não se reelegeu em outubro.
"O Rio não é só Copacabana e carnaval. Muitas cidades têm locais extremamente interessantes. A TurisRio deve ser a nova Petrobras. Vai captar recursos através do mercado de ações, de títulos que possam ser lançados para fomentar a atividade de turismo", afirmou, ao se referir à centralidade da exploração do petróleo para a economia fluminense.
Em 2017, o País recebeu 6,5 milhões de turistas internacionais - o Rio foi o segundo Estado mais procurado, atrás de São Paulo (com 2,1 milhões). O novo governo do Rio quer fomentar não só o turismo internacional, mas também o nacional e o que se dá dentro do Estado. Witzel estuda dar incentivos fiscais para companhias aéreas aumentarem os voos para o Rio.
Cargos
O novo governo do Estado será norteado por "boas práticas da gestão empresarial", com uma área de compliance (que garanta que todas as ações estejam dentro das leis) e a cobrança de metas das secretarias, que serão enxugadas, segundo o coordenador da transição, o empresário José Luiz Cardoso Zamith.
"A ideia é de implementar na gestão pública boas práticas do mercado privado, da gestão empresarial: uniformizar indicadores de performance e governança e gerar cobrança em todas as pastas com base naquilo que o governador espera e naquilo com que se comprometeu com a população", apresentou Zamith.
Para a secretaria de Governo, irá o árbitro de futebol Gutemberg de Paula, que trabalhou na comunicação digital da campanha e tem relação de proximidade com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com o governador eleito do Rio; para a presidência da Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), o advogado Cássio Coelho.
Witzel não divulgou ainda os nomes mais aguardados: o do secretário de Fazenda e Planejamento e os dois responsáveis pela área da Segurança Pública - um da Polícia Civil e outro da Militar (ele quer extinguir a estrutura da Secretaria de Segurança). O procurador-geral do Estado deve ser divulgado na próxima semana.
O governador eleito afirmou que irá requerer o ressarcimento do erário por prejuízos da corrupção. Sobre o Ministério Público (MP), sinalizou simpatia pela permanência do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, e disse que aceitará a lista ou o nome único que lhe for encaminhado.
Alerj
Instado a comentar a devassa na Assembleia Legislativa (ALerj), com a prisão de dez deputados acusados de corrupção, cinco reeleitos, pela Operação Furna da Onça, da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), nesta quinta-feira, 8, Witzel afirmou que espera que não haja "novos sobressaltos" na Casa para que sejam apreciados pelos deputados o orçamento para 2019 e a situação de calamidade financeira do Estado.
Segundo a PF, os parlamentares lotearam o Estado, em especial o Departamento de Trânsito (Detran), num esquema de propina com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Um deputado do partido de Witzel, o PSC, Chiquinho da Mangueira, está entre os presos. Sobre isso, o novo governador disse confiar no Poder Judiciário e que a posição diante da Alerj é de "neutralidade". Outro deputado preso, André Correa (DEM), era pré-candidato a presidente da Assembleia e até então contava com o apoio da base de Witzel como possível nome.
O futuro governador reafirmou ter "tolerância zero" com corrupção e que no governo estadual haverá um setor de "governança corporativa" para que haja o "máximo de transparência". Declarou também que a transição não é afetada pela prisão do secretário de Governo do Estado, Affonso Monnerat, auxiliar do governador e Luiz Fernando Pezão (MDB). Monnerat também foi capturado na operação da PF de quinta-feira. Ele liderava a transição pelo lado da administração estadual atual.
Ao tratar das "negociatas" no Detran, Witzel confirmou que as vistorias veiculares como existem hoje serão extintas. "Vamos passar a fazer na rua. Aleatoriamente, vamos escolher veículos para serem vistoriados, como o poder de polícia permite. A circulação de veículos em má conservação deve ser fiscalizada pelo Estado. Podemos fazer junto com a blitz da Lei Seca. Quando fizer a verificação do teor alcoólico do motorista, verifica a capacidade de rodagem do veículo."
Outsider
Ex-juiz federal, o novo chefe do Executivo estadual fez campanha com discurso de "outsider". Foi a primeira disputa para um cargo eletivo. Depois de vencer, disse que "estava" governador. Witzel sempre prometeu um secretariado de "perfil técnico", sem indicações políticas, ao sustentar que o "único compromisso" é com o povo do Estado, e não com partidos, e argumentar que escolheria os auxiliares após análise de currículos e de declarações públicas.