Brasil

Conheça Riachuelo, o primeiro submarino construído pelo Prosub

A tecnologia da empresa francesa Thales permite que sonares enviem informações estratégicas para equipes de terra e aéreas

Vinicius Nader
postado em 01/01/2019 06:00
Submarino Riachuelo
Hengelo, Holanda ; A Marinha brasileira lançou ao mar, neste mês, o primeiro submarino primeiro submarino construído pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), o Riachuelo. Da classe scorp;ne (que agrupa todos com motor independente de ar), o S-40 Riachuelo vai atuar na defesa de 3,5 milhões de quilômetros da costa do país. O grupo francês Thales, que tem unidades em vários países e em São Bernardo do Campo (SP), é um dos responsáveis pela tecnologia a bordo. O Riachuelo será usado no projeto Amazônia Azul, que atua na proteção das águas da Amazônia e das fronteiras, no combate à pesca ilegal, ao tráfico de drogas e ao desmatamento, entre outros pontos. A classe scorp;ne inclui submarinos de cerca de 66 metros e 1,6 mil toneladas. Com capacidade para tripulação de 30 pessoas, o submersível chega à profundidade máxima de 300 metros.

A tecnologia da Thales permite que sonares enviem informações estratégicas para equipes de terra e aéreas. Além disso, há um sistema de câmeras que pode detectar ameaças ; o que não necessariamente tem ligação com combates. ;No Brasil e na América Latina, não temos guerra convencional, mas temos ameaças crescentes;, destaca Ruben Lazo, vice-presidente da Thales para a América Latina. ;Entre os problemas, estão insegurança urbana, contrabando de mercadorias, falhas no controle de fronteiras e tráfico de drogas ; a região é exportadora e produtora de substâncias ilícitas;, completa o engenheiro mecânico pela Universidade de São Paulo (USP). ;É um tipo de ameaça tão grande quanto a bélica. É preciso alta tecnologia para combater esses crimes, já que os criminosos também estão bem equipados;, afirma.

;A Thales está entrando com força no mundo digital. Afinal, vivemos num mundo cada vez mais interdependente e conectado. Tanto que cerca de 20% do nosso faturamento atualmente é voltado para pesquisas e para o desenvolvimento dessa área;, ressalta Lazo. Ele informa que, no Brasil, cerca de 80% das transações bancárias on-line e de cartões de crédito são seguradas pelo grupo francês especializado em fornecimento de sistemas de informação e serviços para as indústrias aeroespacial, de defesa e de segurança.

Investir no Brasil e na América Latina como um todo, seja como mercado, seja como polo de produção, é outro foco da Thales. A unidade montada em São Bernardo do Campo é responsável por 200 empregos diretos e por cerca de 400 parcerias industriais com empresas nacionais. ;Todos os sonares e boa parte dos radares que usamos aqui são produzidos no Brasil. Além disso, a manutenção é feita aqui, o que facilita e barateia bastante. Inclusive algumas peças e tecnologia produzidas em São Bernardo são exportadas;, diz Lazo.

Segundo o executivo, muitos brasileiros que trabalham na companhia fizeram um intercâmbio na França, o que trouxe troca de conhecimento e de experiência. O S-40 Riachuelo pode não ser a única contribuição da empresa francesa para a Marinha brasileira: a Thales se prepara para o projeto Corveta Tamandaré, que prevê a construção de quatro navios de guerra (corvetas) de grande complexidade tecnológica. O vencedor do consórcio deve ser anunciado no primeiro trimestre de 2019.

Mas todos os quatro finalistas são parceiros da Thales, o que aumenta a possibilidade de a empresa francesa marcar presença em mais um projeto brasileiro. ;Somos fornecedores e não participamos do consórcio. Por isso, aconteceu de termos parceiros entre os finalistas;, esclarece Lazo, que completou programas de pós-graduação com foco em estratégia na FGV e na École des Hautes Études Commerciales (HEC), de Paris.

* O repórter viajou a convite da empresa francesa Thales

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