Brasil

Norte e Nordeste são prejudicados com vagas abertas do Mais Médicos

Se até o fim do mês houver vagas não preenchidas, serão chamados estrangeiros formados no exterior.

Otávio Augusto
postado em 15/01/2019 06:00
foto de uma médica cubana do Programa Mais Médicos

Dois meses após Cuba romper o contrato com o Mais Médicos, o Ministério da Saúde ainda não conseguiu recompor o quadro de profissionais do programa. Após duas seleções, 1.462 mil postos de trabalho continuam vagos. As vacâncias representam 17% das 8.517 postos existentes. O cronograma do governo é terminar este processo em 15 dias. Se até o fim do mês houver vagas não preenchidas, serão chamados estrangeiros formados no exterior, sem exigência da execução do Revalida ; o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos.

Uma das preocupações com a dificuldade em recrutar médicos, é que 85% das vagas ociosas estão em áreas do Norte e do Nordeste. Até hoje, 842 postos de trabalho sequer receberam inscrições. A situação mais delicada é em áreas indígenas de 10 estados, sendo o Amazonas e o Pará os mais prejudicados.

A seleção para a recomposição do quadro do Mais Médicos foi anunciada em novembro do ano passado, com o intuito de recrutar profissionais brasileiros, com registro no país, para ocupar 8.517 vagas do programa. Dessas, 5.968 foram preenchidas. As 2.549 vagas restantes foram oferecidas a médicos com diploma brasileiro, na segunda etapa de seleção, que terminou na semana passada.

O mais recente balanço do Ministério da Saúde mostra que 1.087 médicos com registro no Brasil se apresentarem nas localidades escolhidas após inscrição na 2; chamada do programa. ;A próxima chamada acontece nos dias 23 e 24 de janeiro, quando os brasileiros graduados no exterior terão chance de selecionarem os municípios de alocação pelo site do programa. Já nos dias 30 e 31 de janeiro, os médicos estrangeiros terão acesso ao sistema para optarem pelas localidades com vagas em aberto;, adiantou a pasta, em nota.

No Amazonas, por exemplo, levantamento do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde, mostra que 95% das vagas ainda não foram ocupadas nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Foram oferecidas 92 vagas, e 87 médicos aderiram. Contudo, apenas quatro se apresentaram para trabalhar. Em todo o estado, 58% dos médicos inscritos não foram aos postos de trabalho ; 131 ainda não se apresentaram e três desistiram.

Sérgio de Amorim Figueiredo, secretário de Saúde de Belém, explicou os impactos das vacâncias. ;Na capital paraense, por exemplo, não tivemos impactos, porque somente três médicos atuavam. Mas, em alguns municípios, ele representavam quase a totalidade do serviço prestado à população. Sem eles, a situação fica muito delicada;, ponderou.

A seleção foi feita para substituir médicos cubanos, após a ilha caribenha romper o convênio com o governo brasileiro, em 14 de novembro. Cuba explicou que o rompimento foi decidido depois das críticas e exigências de mudanças feitas pelo então presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre as condições estava a de que os médicos passassem pelo exame de reconhecimento de diplomas estrangeiros e o pagamento integral da bolsa de R$ 11 mil ao profissional ; pelo acordo, o governo cubano ficava com 70% do provimento.



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