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Governador do Ceará pede mais agentes penitenciários no estado

Solicitação foi feita pelo governador Camilo Santana ao ministro da Justiça, Sérgio Moro. Onda de ataques no estado continua. Bandidos explodem bomba no Metrô de Fortaleza e incendeiam mais uma agência bancária

Ingrid Soares
postado em 18/01/2019 06:00
Policiais da Força Nacional em terminal de ônibus da capital cearense. Para governador, ainda não é hora de desmobilizar agentes de segurança
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), pediu ontem ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, o envio de mais 90 agentes penitenciários ao Estado para reforçar o combate à onda de violência no Ceará. Em mais um dia de terror, criminosos explodiram uma bomba em uma estação do metrô de Fortaleza e incendiaram uma agência bancária. Na madrugada, houve uma explosão em um poste de energia do metrô, sem danos estruturais.

O governador disse que houve queda significativa no número de ataques nos últimos dias, mas defendeu a continuidade do estado de alerta das forças estaduais e federais como forma de evitar reações das facções criminosas. Ele apontou ainda a necessidade de uma revisão na legislação para que os ataques sejam classificados como terrorismo. Os secretários André Costa, da Segurança, e Mauro Albuquerque, da Administração Penitenciária, também participaram da reunião.

;Viemos fazer um diagnóstico da situação e solicitar o reforço de agentes penitenciários nas unidades prisionais do Ceará, e destacar a necessidade de manter o estado de alerta e monitoramento, tanto das forças do estado quanto das federais;, declarou Camilo Santana. A Força Nacional mantém mais de 400 homens e mulheres no Ceará, e ainda não houve entendimento em relação à prorrogação da presença delas no estado. O Ministério da Justiça confirmou o envio de um reforço de 355 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, o número de suspeitos presos ou apreendidos subiu para 387 até o fim da tarde de ontem. Entre os presos, estão dois suspeitos de cometerem atos criminosos contra a estação de máquinas do Metrô de Fortaleza (Metrofor) e contra um caminhão de coleta de lixo, no bairro Parque Santa Rosa. Cerca de 46 cidades do estado já sofreram mais de 200 ataques desde o dia 2 de janeiro.

O consultor em Segurança Pública, George Felipe Dantas aponta que a origem da onda de ataques no Ceará vem do poder das organizações criminosas dentro do sistema prisional. ;Eles desafiam o poder do Estado, aterrorizam a população e se transformam em notícia. É uma configuração de ações terroristas;, avaliou. ;O sistema mostra fragilidade ao não ser capaz de restringir a liberdade de alguém que está atrás das grades. Estabeleceu uma situação pela qual quem está do lado de fora pode ser coagido por alguém que está preso. De lá, comandam os mais diversos crimes. A saída é o restabelecimento do controle do estado sobre o sistema prisional. Quem está preso não deve ter privilégio.;

Ação paliativa

Para Dantas, o reforço do policiamento é necessário a longo e médio prazos, mas é uma ação paliativa. ;Há uma desproporção entre agentes prisionais e apenados. Nos EUA, dependendo da periculosidade, é um agente para um apenado. Aqui, é um para centenas. São mostras de um Estado fragmentado. Essa é uma situação não só do Ceará, é uma falta de controle que só muda de lugar;, finalizou.

Na última segunda-feira, o governador Camilo Santana, assinou um decreto para regulamentar a chamada Lei da Recompensa, que oferece de R$ 1 mil a R$ 30 mil para quem prestar informações que levem a polícia à elucidação de crimes, à localização de pessoas procuradas pelos órgãos de segurança e à localização de bens móveis ou imóveis pertencentes a membros de organizações criminosas.

Além disso, o governo do Ceará convocou 1,2 mil policiais e bombeiros militares que foram para a reserva nos últimos cinco anos. O prazo já prorrogado para que eles se apresentem para reforçar a segurança no estado termina hoje.

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