Gabriel Ronan/Estado de Minas
postado em 26/01/2019 14:15
Agricultores do vilarejo do Tijuco, devastado pela lama da Vale, vendiam hortaliças para sacolões de Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem, Sarzedo e Betim.
Imensos campos de hortaliças, estufas e equipamentos: tudo virou lama de rejeitos. "Perdemos tudo. Não dá nem para mensurar quanto foi. Está na casa dos milhões para os donos dos terrenos", conta, ao Estado de Minas, o agricultor Paulo Sérgio da Silva. Ele trabalhava no vilarejo do Tijuco, em Brumadinho, há 17 anos. Atualmente, ele vendia todo tipo de folhas: salsa, cebolinha, hortelã, coentro, brócolis, alface etc.
[SAIBAMAIS]Segundo ele, a maioria da população local vivia exclusivamente da agricultura. Contudo, além de perder terreno e plantações, os equipamentos, como bombas hidráulicas, ficaram completamente destruídas depois do tsunami de rejeitos. "Aqui saía era caminhão cheio. Agora está desse jeito aí", lamentou Paulinho, como é conhecido na região, apontando para o latifúndio tomado pela lama.
Dono de uma estufa local, Magno André Barbosa, de 39 anos, vive da agricultura desde 1996. "Eu vendia para Contagem, Betim e até para a Ceasa. Atualmente, eu só mexia com folhas. Mas agora perdi. Ficou até uma parte da horta, mas não tenho água, não tenho maquinário. Sobrou nada", se emocionou.
O momento da tragédia ambiental ficou marcado por muita correria para Magno. De acordo com o agricultor, a lama não chegou a sua casa, porém, quando recebeu de amigos a notícia do rompimento, correu para salvar um parente acamado. "O barulho foi só aumentando e aumentando. Mas consegui tirar o senhor de lá" disse.