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Ações da Vale tendem ser fortemente afetadas pelo acidente em Brumadinho

Em comunicado divulgado à 0h16 de hoje, empresa afirma que suspendeu política de remuneração dos acionistas. Para analistas, negociações devem refletir queda no mercado internacional e decisões contra a mineradora que ocorreram no fim de semana

Hamilton Ferrari
postado em 28/01/2019 06:10
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O dia promete ser negativo para as ações da Vale na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Após a tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), envolvendo a barragem da Vale, a empresa ; uma das mais negociadas no mercado de capitais ; deve sofrer novamente com a reação dos investidores. Na sexta-feira, feriado em São Paulo, o mercado não funcionou.

;e, consequentemente, o não pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, bem como qualquer outra deliberação sobre recompra de ações de sua própria emissão;. A companhia também interrompeu o pagamento de remuneração variável aos executivos.

A Vale criou dois comitês independentes, ;coordenados e compostos por maioria de membros externos, independentes, de reputação ilibada e com experiência nos temas;. O primeiro será dedicado para a assistências às vítimas e recuperação da área atingida. O segundo, à apuração das causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem.

Até agora, R$ 11 bilhões já foram bloqueados na conta da companhia e ela deverá enfrentar barreiras para ampliar operações, além de ter os trabalhos suspensos na região do rompimento. Os agentes econômicos também estão atentos para efeitos negativos no setor de mineração e em outras áreas afetadas.

Em 2015, quando ocorreu a tragédia de Mariana, também em Minas, as ações ordinárias da Vale caíram durante seis dias.

Segundo analistas, por ser reincidente, os efeitos podem ser maiores agora. É o segundo evento desastroso com pouco mais de três anos de intervalo, o que coloca a credibilidade da empresa ainda mais em xeque, como explicou o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.

;Após o evento de Mariana, se tratou muito da cautela que estava sendo adotada na empresa para evitar novos acidentes. Essa imagem foi passada para o mercado. Após essa nova tragédia, o mercado vai esperar ocorrer mais uma?;, indagou o economista.

De um lado, a Vale é considerada uma empresa robusta, com valor de mercado avaliado em mais de R$ 290 bilhões, sendo a terceira maior companhia de capital aberto do país. Por outro lado, a reincidência da tragédia e a provável constatação de negligência pelas autoridades faz com que ela tenha dificuldades para obter concessão de licenças ambientais e operacionais. Além disso, a intenção da empresa de reiniciar as atividades na Samarco deve ser adiada pelas autoridades responsáveis.

O mercado internacional já reagiu negativamente no exterior. Os American Depositary Receipts (ADRs), papéis da empresa na Bolsa de Nova York, caíram 8% na última sexta-feira. A situação da empresa piorou no fim de semana após as sanções da Justiça, que bloqueou R$ 11 bilhões na conta da Vale.


Advertência


A agência de risco S colocou a Vale como nota de ;Creditwatch;, que é de observação. ;Os passivos ambientais e sociais da Vale podem ser substanciais, especialmente considerando que tal incidente aconteceu antes;, informou. ;Suas obrigações financeiras para remediar e compensar as perdas podem ser substanciais, e a empresa teria que enfrentar estudos longos e complexos de entidades ambientais e órgãos reguladores que poderiam terminar na suspensão de licenças;, completou.

O economista-chefe da DMI Group, Daniel Xavier, afirmou que a direção que o mercado vai tomar é mais do que clara. ;Vai para baixo, tendendo a imitar o movimento que as ADRs mostraram na última sexta-feira. Uma queda um pouco abaixo de 10% que foi muito relevante;, disse. ;Além disso, tem que levar em conta que a economia chinesa está esfriando;, destacou.

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