Brasil

Juíza cita 'delitos na clandestinidade' para decretar prisão de engenheiros

A magistrada salientou que a detenção dos envolvidos era 'imprescindível' para as investigações. Cinco pessoas foram presas, sendo dois engenheiros e três funcionários da Vale

João Henrique do Vale/Estado de Minas
postado em 29/01/2019 12:36
A magistrada destacou que a tragédia não demonstrou corresponder com o teor dos documentos assinados pelos investigados
A juíza Perla Saliba Brito, que autorizou a prisão dos engenheiros que atestaram a segurança da barragem B1, que se rompeu na última sexta-feira (25/1), em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), e funcionários da Vale, salientou que a detenção dos envolvidos era ;imprescindível;. Na decisão, que determinou o cumprimento dos mandados, a magistrada ressaltou que a investigação da tragédia é complexa e envolve delitos ;perpetrados na clandestinidade;.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), as prisões temporárias foram decretadas nesse domingo (27/1). Na decisão, a juíza Perla Saliba Brito, afirmou que a prisão é imprescindível para as investigações. ;Trata-se de apuração complexa de delitos, alguns, perpetrados na clandestinidade;, disse.
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A magistrada destacou que a tragédia não demonstrou corresponder com o teor dos documentos assinados pelos investigados, ;não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade;. Ela também ressaltou que especialistas apontam que existem sensores que podem identificar, com antecedência, sinais de rompimento dessas estruturas.

As prisões


. Segundo as investigações, os funcionários atestaram o laudo da barragem que se rompeu. Eles deram parecer dizendo que a estrutura não apresentava risco de rompimento.

Foram presos, durante a operação em Minas Gerais, César Augusto Paulino Grandshamp, Ricardo Oliveira, e Rodrigo Arthur Gomes de Melo, que seriam funcionários da Vale. Em São Paulo, foram presos dois engenheiros: André Jumyassuda e Makoto Mamba. Documentos, computadores e celulares foram apreendidos nos imóveis.

De acordo com o Ministério Público, André, Cesar e Makoto, informaram em documentos recentes que as estruturas das barragens se encontravam em consonância com as normas de segurança.

Por sua vez, Ricardo e Rodrigo, respectivamente, gerente de meio ambiente, saúde e segurança e gerente executivo operacional responsável pelo complexo minerário, eram diretamente responsáveis pelo regular licenciamento e funcionamento das estruturas das barragens.

Policiais militares que participaram das prisões dos três alvos em Minas, uma em Nova Lima e duas em BH, disseram que os três estavam em casa e não houve resistência. A partir de agora, os presos estão sob responsabilidade do Ministério Publico.

Por meio de nota, a Vale afirmou que está colaborando ;plenamente com as autoridades;. ; A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas;, completou.

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