Brasil

PF vai acessar conversas de WhatsApp de funcionários da Vale e engenheiros

Investigadores vão avaliar se existem conversas entre os detidos que podem indicar o cometimento de crime durante avaliação da segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho

Renato Souza
postado em 29/01/2019 15:32
Investigadores vão avaliar se existem conversas entre os detidos que podem indicar o cometimento de crime durante avaliação da segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho
Os investigadores da Polícia Federal obtiveram autorização da Justiça para acessar conversas realizadas por meio do aplicativo WhatsApp pelos três engenheiros e dois gerentes da Vale que foram presos na manhã desta terça-feira (29/1). A intenção dos investigadores é entender se existe ligação entre eles, além das atribuições laborais, o que poderia indicar a combinação de resultado de pareceres. Os celulares dos alvos dos mandados de reclusão foram recolhidos durante as ações de busca.

No pedido para que as prisões sejam realizadas, o Ministério Público afirma que "André Jum Yassuda (engenheiro), Cesar Augusto Paulino Grandchamp (geólogo) e Makoto Manba (engenheiro) subscreveram recentes declarações de estabilidade das barragens da Vale S/A cujos rompimentos se deram em 25/01/2019, informando que tais estruturas se encontravam em consonância com as normas de segurança, o que a tragédia demonstrou ser inverídico".

O documento ressalta ainda que "Ricardo de Oliveira, gerente de meio ambiente, saúde e segurança do complexo minerário, e Rodrigo Artur Gomes Melo, gerente executivo operacional responsável pelo complexo minerário Paraopeba, são diretamente responsáveis pelo regular licenciamento e funcionamento das estruturas das barragens, incumbindo-lhes o efetivo monitoramento das barragens que se romperam".

As prisões foram decretadas por 30 dias, com base na lei que trata dos crimes hediondos. O Ministério Público suspeita que eles cometeram os crimes de falsidade ideológica, crime ambiental e homicídio. Além de mensagens de texto, serão acessados fotos e vídeos que possam servir de provas em um eventual processo criminal contra os detidos e a empresa.

Dentro da Vale, a diretoria da empresa e colegas de trabalho dos presos ficaram surpresos. A avaliação de pessoas próximas dos dois engenheiros e do geólogo é que eles sempre se dedicaram com afinco ao trabalho e procuravam realizar o trabalho prezando por regras de segurança.

Uma fonte contou ao Correio que detenções entre a equipe técnica ocorre para poupar grandes executivos e pessoas dos cargos de gestão que tem maior poder econômico e até político. De acordo com a fonte, as provas que ligam qualquer integrante da empresa ao desastre criminoso ainda são precárias.

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