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Interlocutor da Vale com o governo é réu por barragem de Mariana

Ele é acusado de homicídio doloso, assim como outros réus no processo. A defesa ingressou com um recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) pedindo que o cliente seja responsabilizado por desabamento seguido de morte

Renato Souza
postado em 31/01/2019 06:00
Devastação em Mariana, após rompimento da barragem do Fundão, em 2015
Além de destruição na natureza e de famílias destroçadas, as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, têm mais um fator em comum. O executivo Gerd Peter Poppinga, um dos representantes da Vale na interlocução da empresa com o governo, em relação ao desastre, é réu no processo que trata do desabamento, em 2015, da barragem operada pela Samarco. Ele também atuou nas duas companhias, ocupando cargos de gestão.

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, Peter participou de duas reuniões que discutiram a segurança da barragem de Fundão, antes de o local ser palco da tragédia que deixou 19 mortos. No primeiro encontro, de acordo com a investigação, foi apresentada uma imagem que revelava o recuo da água na ombreira (paredão de terra) do dique 1, o que revelava ;desconformidade com o projeto original;.

Na segunda reunião, o executivo foi avisado de cortes em andamento na empresa. No entanto, autorizou nova dispensa de pessoal, além de alterações no projeto de Fundão, como o ;alteamento da barragem;. As obras estavam em curso no momento do rompimento. Ele é acusado de homicídio doloso, assim como outros réus no processo. A defesa ingressou com um recurso no Tribunal Regional Federal da 1; Região (TRF1) pedindo que o cliente seja responsabilizado por desabamento seguido de morte.

Reunião

A solicitação da defesa ainda não foi avaliada. Peter chegou a participar de uma reunião entre o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Em nota, a Vale informou ;que o executivo Peter Poppinga assumiu a função de conselheiro da Samarco no início de 2015 e participou unicamente de duas reuniões do Conselho de Administração daquela empresa;.

A empresa disse ainda que ;como representante da Vale naquele Conselho, jamais teve envolvimento ou interação com questões operacionais da Samarco, pois isso não era sua atribuição;. Com relação à participação do executivo na reunião com o ministro de Minas e Energia, a Vale alegou ;que o seu papel não é de negociador, e que ele apenas integrou a comitiva na condição de representante institucional;.

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