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Ruas vazias: retrato de uma comunidade que teme rompimento de barragem

Famílias que vivem na comunidade do Socorro, em Barão de Cocais, deixaram o local na madrugada desta sexta-feira

João Vitor Marques/Estado de Minas
postado em 08/02/2019 16:19
Famílias que vivem na comunidade do Socorro, em Barão de Cocais, deixaram o local na madrugada desta sexta-feira

Ao meio-dia, o galo canta, desorientado. Não há ninguém para acordar. As pacatas ruas da comunidade do Socorro, em Barão do Cocais, Centro de Minas Gerais, estão ainda mais vazias nesta sexta-feira (8/2). Durante a madrugada, moradores tiveram que deixar às pressas casas, pertences e a criação. Por volta de 1h, o temido alarme soou para indicar o risco do rompimento da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, da Vale.

Horas depois do susto, a reportagem do Estado de Minas visitou os arredores do local. Por lá, animais como bois, cavalos e cachorros vagam sem rumo, dentro ou fora de terrenos privados.

"A gente estava dormindo quando veio a comunicação da sirene. A gente evacuou a casa rapidamente e pegou o que deu para pegar e fomos para o alto da serra. Depois, foram buscar a gente", disse o pedreiro Luciano Santos, de 40 anos. Ele, a esposa e três filhos deixaram a comunidade, que fica a cerca de 13km do centro de Barão de Cocais.

A igrejinha, no centro do vilarejo, estava de portas fechadas. A poucos metros de lá, uma equipe de resgate buscava pessoas numa das poucas casas que ainda não haviam sido evacuadas. "Sempre tem um teimoso que bate o pé e diz que não vai sair de lá", relatou um policial militar que preferiu não se identificar.

Preocupção

Mais de 500 pessoas deixaram a área de risco, que envolve também as comunidades de Tabuleiro e Piteiras, na madrugada desta sexta-feira. Parte delas foi recebida no Ginásio Poliesportivo de Barão de Cocais. Lá, foram cadastradas num sistema da Vale e enviadas a hotéis da cidade e de Santa Bárbara e Caeté, municípios vizinhos.

Muitos dos que saíram já se preocupam com o que deixaram para trás. "Ficaram cinco cachorros meus em minha casa, que não consegui pegar", disse o professor e empresário Nicolson Resende, de 51 anos. Ele foi impedido de voltar para casa por policiais militares, que cercam a área de risco.

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