Brasil

Equipe de vôlei LGBTI afirma ter sido alvo de homofobia em clube de SP

Agressão teria partido de uma sócia, mas a equipe alega que o clube não tomou as devidas providências. Local nega e afirma ter feito o que podia

Fernando Jordão
postado em 13/02/2019 21:30
Equipe Unicorns Brazil durante treino no Açaí Clube
Um time de vôlei formado por integrantes da comunidade LGBTI afirma ter sido alvo de ataques homofóbicos por parte de sócios de um clube na zona sul de São Paulo. O caso ganhou notoriedade na última terça-feira (13/2), quando a equipe Unicorns Brazil relatou a sequência de acontecimentos em uma postagem no Facebook que já ultrapassa 1,3 mil reações.

No texto, o Unicorns conta que em 11 de janeiro, o grupo estava na quadra do Açaí Clube ; no bairro do Brooklin ;, quando duas senhoras entraram no local e registraram imagens dos atletas. Depois, elas teriam ido à portaria do local e dito que "essas pessoas aí poderiam roubar as bolsas delas". O grupo teria, então, notificado o clube pedindo providências.
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Uma semana depois, durante a realização de um amistoso, o clube afirma ter ouvido ofensas homofóbicas e transfóbicas. Algumas delas, de acordo com a equipe, assemelhavam-se a ameaças de morte: "Viado precisa morrer". Mais uma vez, integrantes do Unicorn teriam procurado a administração do clube e receberam como resposta que o Açaí "não poderia garantir a segurança dos jogadores".

"Nosso relacionamento com o clube sempre foi muito bom. Mas quando a gente precisou deles, eles falharam", lamentou o advogado Filipe Marquezin, um dos fundadores do Unicorns. Segundo ele, a equipe treina semanalmente no local desde abril do ano passado.

Por conta da boa relação, inclusive, o Unicorns teria buscado resolver a situação internamente, dando o prazo de uma semana para que o clube pedisse desculpas pelo ocorrido. Como isso não aconteceu, o caso foi exposto nas redes sociais e, agora, a equipe pretende recorrer à Polícia e à Justiça. "Eles não fizeram nada. Estão cobrindo essas pessoas. Sequer fizeram alguma apuração interna", disparou Filipe. "Nos sentimos violentado de não poder jogar", concluiu o advogado, acrescentando que a equipe rescindiu o contrato com o clube.

Outro lado

O Açaí Clube nega que tenha se omitido diante dos supostos episódios de homofobia. O advogado do clube, Claudio Barbosa, contou que o Unicorns teria infringido algumas regras do espaço, como utilizar as dependências além do horário de funcionamento e permanecer no ginásio com garrafas e copos de vidro.

Segundo o advogado, foi por conta da infração em relação às garrafas que as duas mulheres ; uma delas conselheira do clube ; teriam registrado as imagens do primeiro episódio. "Essa conselheira agiu de maneira legítima no entender dela. Em função disso, houve o entrevero e nesse entrevero parece que houve alguma manifestação ofensiva", justificou.

O clube também negou que estivesse de alguma forma compactuando com a homofobia. "Tão logo recebemos o comunicado, foi aplicada uma pena preventiva a essas sócias, elas foram representadas perante o conselho de sindicância do clube e esse processo seguiu adiante", relatou Claudio. Em relação ao segundo episódio ; das ofensas e ameaças ; o advogado afirma que a equipe não forneceu qualquer elemento que permitisse a identificação e consequente punição dos autores.

Por fim, o advogado diz que o clube não pediu desculpas à equipe por entender que não havia razão para tal. "O clube tomou todas as providências dentro das suas limitações estatutárias. O que poderia fazer, fez. Se um sócio agiu com excesso em uma conduta individual, ele deve responder por isso", pontuou. "Continuamos tendo contato com a equipe, tentando, de alguma forma, dar uma satisfação e se solidarizar com o grupo", completou.
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