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PF prende envolvidos em extração ilegal de quartzito na Serra da Canastra

Mais de 100 mandados são cumpridos em Minas e São Paulo. Segundo as investigações, investigados chegaram a usar explosivos e provocar incêndios para retirar pedras da área protegida

Estado de Minas
postado em 20/02/2019 08:52
Segundo a Polícia Federal, alguns dos envolvidos chegaram a atear fogo no parque para facilitar a extração ilegal das pedras
Policiais federais cumprem, na manhã desta quarta-feira (20/2), mais de 100 mandados judiciais contra uma organização criminosa que extraía ilegalmente, há vários anos, pedras de quartzito do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. A ação ocorre simultaneamente em Alpinópolis, Passos, Itaú de Minas, Carmo do Rio Claro, São João Batista do Glória, Piumhi e Belo Horizonte e na cidade paulista de Batatais.

Ao todo, segundo a Polícia Federal (PF) são 160 mandados expedidos pela Justiça Federal de Passos, sendo 77 de busca e apreensão, 73 de prisão (20 preventivas e 53 temporárias, e 10 apreensões de caminhões. A Justiça também determinou a demolição de alojamentos clandestinos usados pelos extratores e a apreensão de todas as máquinas.

As investigações começaram há oito meses e revelaram que as pedras extraídas eram transportadas para vários depósitos em Capitólio e Alpinópolis, sendo vendidas posteriormente para diversos estados.

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;A fim de facilitar as investigações, os responsáveis pela extração ilegal foram divididos em grupos: Extratores; Negociadores; Vigia; Donos de Depósitos e Motoristas. Dentre os Extratores, alguns exerciam a função de donos de bancos, que correspondem a uma pequena área onde o quartzito é retirado. Os Donos de Depósito encomendavam e adquiriam as pedras dos Extratores, diretamente ou por meio dos Negociadores, executando o beneficiamento do material para posterior comercialização;, detalhou a Polícia Federal, por meio de nota. ;Os Motoristas eram responsáveis pelo transporte clandestino das pedras extraídas no PARNA, para os depósitos onde seriam beneficiadas. O Vigia, além de trabalhar como negociador, recebia um percentual para permanecer durante todo o dia em local estratégico no PARNA, avisando aos Extratores e Motoristas sobre qualquer ação dos órgãos governamentais; além de monitorar qualquer veículo que adentrava no Parque;, explicou a PF.
Além da representação à Justiça Federal, foi apresentada uma perícia demonstrando que houve degradação ambiental pela extração ilegal. Como a atividade era clandestina, não havia plano de manejo. Assim, de acordo com a Polícia Federal, os rejeitos eram depositados em diversas áreas do parque, até mesmo em leitos de rios e nascentes que formam a bacia do Rio Grande. ;Esses rejeitos, em época de chuvas, eram levados para o lago de Furnas, além de ficarem espalhados por diversas áreas do PARNA (Parque Nacional). Ao todo, foram identificados nove locais de extração, alguns com mais de dois quilômetros de extensão;, disse a polícia.

A retirada das pedras era feita com explosivos e ferramentas, sendo que 85% do material era de rejeitos. Envolvidos chegaram a colocar fogo no parque para facilitar a extração ilegal. Todos os presos serão encaminhados ao presídio de Passos. Eles serão indiciados por organização criminosa, extração ilegal de minerais e danos ambientais decorrentes.

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