Agência Estado
postado em 20/02/2019 17:54
Doença extremamente contagiosa e grave, o sarampo voltou a ser discutido após casos serem confirmados nesta terça-feira, 19, em um dos maiores navios de cruzeiro a operar na costa brasileira, o Seaview.
O Instituto Adolfo Lutz já confirmou 18 infectados. O cantor Wesley Safadão fez um show durante a viagem e está no navio. A embarcação deve retornar a Santos, no litoral paulista, para imunizar quem estava a bordo e a previsão é de que, inicialmente, 5 mil pessoas serão vacinadas. Passageiros que vão embarcar no navio para outro trecho de viagem também serão imunizados e, ao todo, 10 mil pessoas devem receber a vacina.
Em nota, a MSC Cruzeiros informou que "um pequeno número de tripulantes do MSC Seaview apresentou possíveis sinais de rubéola ou sarampo". A empresa disse que trabalhou em estreita colaboração com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, como medida de prevenção, toda a tripulação do navio foi vacinada. A empresa informou ainda que nenhum hóspede apresentou sintomas de doença e que as operações do navio continuam funcionando normalmente.
Em 2016, o Brasil tinha recebido o certificado de erradicação da doença da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mas, casos de venezuelanos que foram para o Roraima foram registrados e se espalharam no Estado em 2017.
No ano passado, a doença chegou ao Estado do Amazonas - que concentra o maior número de casos (9.803) - e também foi registrada, em menor escala, no Pará (62), Rio Grande do Sul (46), Rio de Janeiro (19), Sergipe (4), Pernambuco (4), São Paulo (3), Bahia (3), Rondônia (2) e Distrito Federal (1). Roraima contabiliza 355 casos.
De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, com dados de 2018 até 21 de janeiro deste ano, o País contabiliza 10.302 casos de sarampo e 12 óbitos. Ainda sem conseguir controlar o surto, o Brasil corre o risco de perder o certificado de erradicação da doença.
O que é o sarampo?
É uma doença infecciosa viral, grave e que pode levar à morte, principalmente de crianças com menos de 1 ano de idade.
Como ocorre a transmissão do sarampo?
Por meio de secreções expelidas na tosse, espirro, fala e até na respiração. O vírus é transmitido entre quatro e seis dias antes ou depois do aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo, mas o período em que a pessoa mais transmite a doença é dois dias antes e dois dias depois do aparecimento desse sintoma.
Quais os sintomas da doença?
Os sintomas do sarampo são febre alta, acima de 38,5°C, exantema (erupções cutâneas vermelhas), tosse, coriza, conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal de um a dois dias antes do aparecimento do exantema.
O sarampo pode matar?
Sim. Complicações infecciosas decorrentes do sarampo podem levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
Qual é a forma de prevenção?
Como é uma doença extremamente contagiosa, a única forma de se prevenir é com a vacinação, que deve ser aplicada em duas doses: uma aos 12 meses e a outra, aos 15 meses. Crianças de 5 anos a 9 anos de idade que não foram vacinadas devem tomar duas doses da vacina. Pessoas de 10 a 29 anos devem tomar duas doses das vacina. Quem tem entre 30 e 49 anos, só precisa tomar uma dose da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola).
Adultos estão livres da doença?
Não. E adultos na faixa de 30 anos devem, especialmente, ficar atentos. Isso porque, no passado, a vacinação era feita aos 9 meses e em apenas uma dose. Portanto, eles devem procurar o serviço de saúde para atualizar a caderneta de vacinação. Quem desconhece sua situação vacinal, pode se vacinar de novo. A imunização não vai causar problemas de saúde e vai dar certeza sobre a proteção contra a doença.
Qual a situação da vacinação no País?
Apesar do número expressivo de registros no País, é ainda baixo o porcentual da população imunizada contra a doença. Em 2017, a segunda dose da vacina havia atingido 71,6% do público-alvo no Brasil. Apenas o Estado do Ceará atingiu imunização superior a 95% - meta do Ministério da Saúde e preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dados preliminares do Ministério da Saúde indicam que metade dos municípios não atingiu a meta de cobertura vacinal, que é igual ou superior a 95%.
Por que a cobertura está baixa?
Segundo especialistas e autoridades ligadas à saúde, há baixa adesão da população às campanhas. Eles apontam como motivo a falsa sensação de que o problema estava erradicado.
Quem não deve se vacinar?
Gestantes, crianças com menos de 6 meses e imunocomprometidos não devem receber a dose. A gestante deve esperar para ser vacinada após o parto. A vacina também não é recomendada em casos suspeitos de sarampo.
Qual a orientação para os viajantes?
Segundo o Ministério da Saúde, os casos de sarampo caíram no mundo, por causa da imunização, mas epidemias podem ocorrer a cada dois ou três anos em regiões onde a cobertura vacinal é baixa, como em alguns países da Europa, África e Ásia. A recomendação é procurar um posto de vacinação ao menos 15 dias antes da viagem para verificar a situação vacinal e, se necessário, ser imunizado.
Como é feito o tratamento para o sarampo?
Não existe tratamento específico para o sarampo. Crianças com a doença costumam receber vitamina A para reduzir a possibilidade de evolução para casos graves e fatais. O tratamento preventivo com antibiótico é contraindicado. Algumas crianças precisam de quatro a oito semanas para recuperar o estado nutricional que tinham antes da infecção pela doença.