Brasil

Bolsonaro inaugura estrutura de telecomunicações da Oi na Antártida

Em videoconferência, presidente se conectou do Palácio do Planalto com a Estação Antártida Comandante Ferraz (EACF). Operadora enfrentou desafios para instalar equipamentos

Simone Kafruni
postado em 11/03/2019 18:19
Os equipamentos aguentam temperaturas de 40 graus negativos
Cientistas e militares brasileiros que atuam na Antártida agora dispõem de tecnologia em telecomunicações de ponta. Além de internet fixa de alta velocidade, que permite transmitir dados, fazer videoconferências e ligações, há uma rede móvel com conexão 4G, acesso wi-fi distribuído por todas as instalações e sistema de recepção de sinal de televisão. A estrutura, implantada pela operadora Oi, foi inaugurada nesta segunda-feira (11/3) pelo presidente Jair Bolsonaro, que fez uma videoconferência e se conectou, do Palácio do Planalto, com a Estação Antártida Comandante Ferraz (EACF).

[SAIBAMAIS] Implementar os sistemas de telecomunicações foi um desafio para a operadora Oi. A empresa mandou uma equipe de cinco técnicos que trabalharam no local por dois meses (janeiro e fevereiro), enfrentando condições extremas de baixas temperaturas e ventos. A instalação de uma antena demandou cerca de quatro dias de trabalho externo contínuo com sensação térmica de 25 graus negativos e temperatura de -5 graus.

Carlos Eduardo Monteiro, diretor de regulamentação da Oi, explicou que, apesar de já haver na estação um legado do acordo de cooperação anterior, a instalação foi do zero. ;O trabalho demandou uma logística enorme. O cronograma foi desafiador, porque há o inverno antártico, que começa no fim do mês, e que impede a entrada na Antártida. Tivemos uma janela de seis meses para concluir os trabalhos;, contou.

Todos os equipamentos foram importados, tiveram que chegar ao Brasil, daqui serem transportados para Punta Arenas, no Chile, e de lá para Antártida. ;Não pode faltar um parafuso. Tivemos que comprar tudo com alto grau de acuracidade e com sobressalentes para eventuais troca e reparo;, destacou. Todo o processo, de compra, transporte, passagem aduaneiras e desembarque em vários locais, foi desafiador. ;E chegando lá tivemos toda a montagem, trabalhando dia e noite, em condições nada favoráveis;, disse.

Segundo Monteiro, a Oi está com infraestrutura para prover serviços banda larga, TV e dados para os integrantes da equipe brasileira na Antártida. ;Colocamos um contêiner, que funciona como uma estação telefônica, com duas antenas em cima (uma de voz e dados e a outra tevê). Fora isso, uma torre de irradiação de sinal de 4G. Todos os equipamentos são especiais para aguentar ventos de velocidade acima de 240 km/h. O prato das antenas não é metálico, é de fibra de vidro, para evitar a corrosão, com sensores para evitar congelamento;, contou.

Os equipamentos aguentam temperaturas de 40 graus negativos. ;Há também a questão da salinidade. Por isso, optamos por guardar os equipamentos dentro do contêiner, para que não se deteriorem. A logística é completamente diferente. Mandamos 2,5 toneladas de equipamentos para a Antártida;, explicou.

A Oi treinou um oficial da Marinha para fazer manutenção e reparo dos equipamentos que estão no contêiner, mas também há possibilidade de monitoramento remoto. ;Temos um centro de gerência no Rio de Janeiro, que monitora toda a rede Oi no Brasil;, destacou Monteiro.
"Instalamos na estação equipamentos de última geração que vão permitir uma conexão de qualidade com o Brasil. Investimos em materiais especiais, como antenas que possuem sistema anticongelante. Nossa equipe trabalhou intensamente", disse Eurico Teles , presidente da Oi

Salto

A possibilidade de realizar videoconferência foi o grande salto da estrutura de telecomunicações em termos de conectividade. O contra-almirante Sérgio Gago Guida, secretário da Comissão

Interministerial para os Recursos do Mar e Gerente do Programa Antártico Brasileiro, explicou que, com um total de 40 mega para três bandas (telefonia 4G, dados e televisão satelital) as condições de permanência dos militares e pesquisadores na Antártida mudaram radicalmente. ;Alguns ficam até um ano na estação e agora podem se comunicar com os familiares, assistir tevê. Para os pesquisadores, foi um salto ainda maior, porque antes coletavam os dados mas não podiam transmiti-los;, destacou.

Além disso, continuou o almirante, a estrutura de telecomunicações vai permitir o monitoramento remoto da estação. ;Em 2012, tivemos um incêndio. Na época, houve um problema na transferência de óleo de gerador. Com o aumento de banda, vamos ter mais segurança, monitorando todas as atividades;, afirmou. Outra possibilidade é a telemedicina. ;Temos médicos lá com a especialidade que dá. Até ginecologista já foi. Agora, em casos mais graves, poderemos usar a medicina remota;, contou.

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