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Advogados de acusados de matar Marielle descartam delação premiada

Os defensores afastam a possibilidade de serem firmados acordos de colaboração premiada, pois alegam que, sendo ambos inocentes, não há o que delatar

desmontados na casa de seu amigo Alexandre Motta. De acordo com seu advogado, Fernando Santana, "ele nega que as armas sejam dele. Ele nega e não entendeu porque o Alexandre disse isso".



Ronnie Lessa foi preso na Operação Lume, deflagrada na terça-feira (13/3). Conforme denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), ele é o responsável pelos tiros que atingiram Marielle e Anderson e fez os disparos do banco de trás do Cobalt branco, carro que aparece em vídeos de câmeras de segurança perseguindo o veículo onde as vítimas estavam. Também foi preso o ex-policial militar expulso da corporação Élcio Vieira de Queiroz, que estaria dirigindo o carro.

Posse ilegal de armas

Além de cumprir os mandados de prisão preventiva contra os dois, os agentes que integraram a Operação Lume também lavraram autos prisão em flagrante por posse ilegal de armas. De acordo com a Polícia Civil, Lessa seria o responsável por caixas encontradas na casa de Alexandre onde estavam guardadas peças de 117 fuzis M-16. Faltavam apenas os canos. Uma nova investigação será aberta para identificar a origem dos fuzis.

Com Élcio foram encontradas duas pistolas de uso restrito. "Era dele, só que ele tinha porte de policial militar e foi excluído da Polícia Militar. Enfim, são questões técnicas e processuais e, no momento certo, vamos fazer a defesa", explicou Henrique Telles, advogado de Élcio.

Os dois advogados já haviam negado as acusações imputadas aos seus clientes. Fernando Santana disse que Lessa nunca fez pesquisas na internet sobre o nome de Marielle, conforme alega a denúncia do MPRJ. Já Henrique Telles assegura que provará que Élcio estava em outro local no momento do crime. "Vamos levar testemunhas que viram meu cliente no momento em que a vereadora foi assassinada".

As duas defesas reclamam que só hoje tiveram acesso a parte dos autos do processo. "Não sei ainda do que o meu cliente está sendo acusado na totalidade", reclamou Henrique Telles. Os advogados afastam a possibilidade de serem firmados acordos de colaboração premiada, pois alegam que, sendo ambos inocentes, não há o que delatar.

Depoimentos

A Operação Lume envolveu, além das prisões, 32 mandados de busca e apreensão. Desse total, 16 foram cumpridos na terça-feira (12/3). Os demais, cumpridos na manhã de hoje, já coincidem com uma segunda etapa das investigações do caso Marielle, cujo intuito é identificar os mandantes.

Lessa, Élcio e Alexandre encontram-se detidos na Delegacia de Homicídios da capital fluminense. Estavam previstos, para a tarde dessa quarta-feira (13/3), depoimentos dos três especificamente sobre o flagrante de posse de armas. Já o interrogatório sobre o crime envolvendo a parlamentar deve ocorrer apenas nesta quinta-feira à tarde (14/3).

Além de deporem à Polícia Civil sobre a existência dessas armas, Lessa, Élcio e Alexandre serão ouvidos em audiência de custódia pela manhã em local não divulgado. Na ocasião, um juiz vai analisar a ocorrência do flagrante. Independentemente da decisão, apenas Alexandre poderá ser libertado. Lessa e Élcio seguirão presos, pois, além do flagrante, estão sob ordem de prisão preventiva.

Sobre o assassinato da vereadora, os dois devem ser ouvidos quando retornarem à Delegacia de Homicídios após a audiência de custódia, possivelmente a tarde. Concluídos os depoimentos, de acordo com a Polícia Civil, eles serão transferidos para uma unidade do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio.