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'Contei sim com uma doação do meu pai', diz a milionária Bettina

Bettina Rudolph se tornou alvo críticas na internet após afirmar em uma propaganda que construiu, em quatro anos, um patrimônio de R$ 1 milhão partindo de apenas R$ 1.500

Um dos nomes mais comentados na internet brasileira na última semana, desde que se tornou garota-propaganda de uma empresa de investimentos, Bettina Rudolph, 22 anos, esclareceu, nesta terça-feira (19/3), em entrevista ao Programa Morning Show, da Rádio Jovem Pan, que, apesar de ter começado como uma pequena quantia, contou sim como um incentivo do pai para chegar ao patrimônio de mais de R$ 1 milhão em apenas quatro anos de aplicações. A ajuda do pai teria sido de R$ 35 mil, afirmou.

Segundo a jovem, a primeira aplicação na Bolsa de Valores foi de R$ 1.520, dinheiro que conseguiu juntar como os "bicos" que fazia como professora de sapateado, modelo e pesquisas na Fecomércio. Ela disse, porém, que essa não foi a única aplicação que fez.

Quando questionada se havia recebido alguma quantia do pai, motivo de muitas das críticas que recebeu, Bettina confirmou: "Contei sim como uma doação do meu pai. Foi o meu maior aporte".

A quantia teria vindo meses após ela começar a investir na Bolsa, sendo que esse montante teria sido apenas mais uma das dezenas de aplicações que vem fazendo desde os 19 anos.

"Mentalidade do brasileiro"

Para ela, o motivo de os internautas terem questionado tanto os motivos de seu enriquecimento é a "mentalidade do brasileiro" e a forma como este enxerga e investe o próprio dinheiro. "A maioria das pessoas teriam comprado um carro, uma casa. Eu investi. Queria mostrar que a gente tem de parar de comprar passivos e começar a comprar ativos", disse.

Durante o bate-papo, Bettina também opinou sobre o motivo de o comercial ter tido uma repercussão tão grande. Para a jovem, mais do que uma questão em torno do machismo ou de ter algum tipo de "privilégio", houve um incômodo como a personalidade vendida no anúncio e também uma má interpretação.

"Acho que mais do que de ter uma família estruturada ou mérito, eu sou uma fazedora, e o mundo é dos fazedores. Tem pessoas acomodadas em todas as classes sociais, assim como tem pessoas que saem do zero, tomam atitude e fazem acontecer", opinou.

Chamar a atenção

Entre as principais críticas recebidas pela jovem foi o questionamento sobre a veracidade da propaganda, que pode dar a entender a algumas pessoas que com um investimento de apenas R$ 1.520,00, Bettina conseguiu chegar ao primeiro milhão em apenas quatro anos. Para os críticos, isso poderia configurar propaganda enganosa, uma vez que outros aportes (que ela admitiu na entrevista desta terça-feira ter havido de fato) seriam necessários para tanto.

Segundo a jovem, o texto que ela diz no comercial busca prender a atenção dos espectadores e convencê-los a continuar a assistir o anúncio até o fim. "Foi intencional, eu preciso fazer esse barulho. Não pensei que fosse virar assunto do Twitter. Venho fazendo isso há meses. E é fato que, se você não chama a atenção das pessoas nos primeiros cinco segundos, as pessoas não vão te ouvir", argumentou.

A empresa que Bettina apresenta nos anúncios, a Empiricus, já foi envolvida em outros casos de propagandas polêmicas. Três analistas da empresa, entre eles o CEO Felipe Miranda, foram suspensos por 30 dias pela Apimec (Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capital), que os proibiu de assinar qualquer relatório de análise de mercado, e-mail marketing ou comunicação relativa a valores mobiliários no período.

O episódio ocorreu em 2017, como consequência da propaganda Double X. Na época, os analistas foram acusados de prometer retorno de investimento garantido, sem alertar de forma adequada os riscos envolvidos na operação. As mensagens diziam: "Double X, uma maneira totalmente inovadora de ter lucro potencial de 995,1% em 12 meses" e "A estratégia capaz de transformar R$1.500 em mais de R$227.00. A nova oportunidade de uma vida".

O Correio entrou em contato com a Empiricuas para que a empresa possa se manifestar sobre a propaganda com Bettina e mantém este espaço aberto para a companhia.

Educação financeira

Ao ser confrontada sobre as críticas e análises de diversos especialistas em veículos de comunicação sobre a veracidade da história contada na peça publicitada, Bettina foi categórica ao dizer que "aprendeu a não dar valor em manchetes". De acordo como ela, a maioria das análises realizadas em veículos de comunicação foram feitas por pessoas que têm conflitos de interesse.

Ao protagonizar a peça publicitária, a jovem disse que queria passar sua história de vida e tinha como público alvo as pessoas que ainda acreditam que a poupança é a forma mais segura e rentável de investimento. "O brasileiro ainda não sabe que é possível investir em ações minimizando os riscos. Assim, vai na mentalidade do modismo, do coitadismo. Ainda estamos a mercê de conflitos de interesse financeiro;, disse.

Por fim, Bettina Rudolph se definiu como uma mulher que luta pela educação financeira. "A minha missão é mudar a educação financeira. Temos a maior parte do dinheiro do brasileiro em poupança", diz. "Todo brasileiro deveria saber da suas opções e aonde pode chegar. E todo mundo pode chegar", garantiu.

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*Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende