Agência Estado
postado em 27/03/2019 11:30
Claudia Costin, diretora do Centro de Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), falou ao jornal O Estado de S. Paulo sobre a crise no Ministério da Educação, que fez 15 desonerações de profissionais, tomou medidas polêmicas e teve seis recuos em pouco mais de 3 meses na nova gestão.
Como a senhora analisa a atual situação do MEC?
Estão prestando um desserviço ao dispersar forças com esses conflitos, idas e voltas, demissões. O Brasil tem uma urgência em melhorar a qualidade da educação. Eu imaginava que o MEC estaria envolvido, dentro da visão deles, em como urgentemente investir nessa melhoria, mas não é o que estamos vendo.
Quais deveriam ser as prioridades do MEC?
Uma é implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com formação de professores, materiais apropriados. É preciso também rever a forma como o ensino superior prepara os professores. Além de não haver atratividade para a carreira, ela é muito desvinculada da prática. Mas nada disso está andando no ritmo que deveria. Por fim, é papel do governo federal assegurar avaliações para saber se estamos avançando.
É possível ver efeitos nas redes e nas escolas?
A vida continua nas redes, mas no mesmo patamar. Nós já batemos em um teto do que dá para fazer. Enquanto o MEC não fizer o papel dele em relação à BNCC, que precisa ser traduzida em currículos estatuais e municipais, e à formação de professor, estaremos avançando a passos muito lentos. Mesmo que defina agora políticas corretas, ainda vai levar tempo para implementá-las. O Brasil precisa pisar no acelerador e fazer ajustes estruturais. Se houver uma equipe técnica sólida, o ministério pode conseguir avançar, mas os sinais não vão nessa direção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.