Jornal Correio Braziliense

Brasil

Brasil só deve universalizar saneamento após 2060, indica levantamento

De acordo com estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), os investimentos no setor tiveram queda de 7,8% em 2017 na comparação com o ano anterior

A água limpa é considerada um direito humano essencial desde 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas dados mostram que o Brasil ainda está longe da universalização do saneamento básico. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), de universalizar os serviços de água e esgoto no país até 2033, não deve ser cumprida caso o ritmo atual de investimento seja mantido.

A situação se complica ainda mais porque os investimentos vêm caindo a cada ano, aponta o estudo, que teve como base dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O total de R$ 10,9 bilhões disponibilizados para o setor em 2017 foi o menor nesta década e representou queda de 7,8% na comparação com 2018.

De acordo as informações do SNIS, referentes a 2017, apenas 60,2% da população urbana do país têm acesso a coleta de esgoto. Para alcançar a meta do Plansab seria necessário uma média de R$ 21,6 bilhões por ano. Por isso, segundo o presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, o Brasil só deve alcançar a universalização daqui a 45 anos aproximadamente, já na década de 2060. "A queda consecutiva nos investimentos do setor mais atrasado da infraestrutura brasileira torna a universalização ainda mais distante;, afirma.

Outros estudiosos do setor concordam com as conclusões apresentadas no levantamento da CNI e alertam para a gravidade do quadro. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Regulação (Abar), Fernando Alfredo Franco, a universalização na década anterior já seria preocupante. "Quando for em 2050, vai haver uma contaminação brutal das nossa fontes de água", indica.

Medida provisória

No Congresso, tramita a Medida Provisória n; 868/2018, que reformula o marco legal do setor de saneamento básico, facilita a privatização de empresas públicas e visa a estimular a competitividade do setor. Uma comissão mista para analisar a MP foi instalada na última quarta-feira (27/4), tendo o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como relator.