O caso de uma criança autista, de 5 anos, agredida por um advogado, 60, em um shopping em Belo Horizonte ganhou a internet e provocou a revolta nas redes sociais. O homem foi detido, mas pagou fiança, estipulada em R$ 10 mil, e foi liberado logo em seguida. O desrespeito aconteceu no último sábado (30/3), mas viralizou nesta terça-feira (2/4).
Arlinda Edleuza Oliveira da Mata passeava com o filho no shopping e entrou em uma loja na intenção de comprar doces para o menino. A confusão começou na fila, na hora de efetuar o pagamento. "Olha mamãe: água gigante", teria dito o menino, segundo Arlinda. Pouco tempo depois, a criança esbarrou em uma caixa no chão, que encostou no acusado, identificado pela polícia posteriormente como Eduardo Nogueira Reis. "Eu o segurei, mas chegou a encostar no senhor. Ele deu um tapa no meu filho e disse: ;não deixa esse moleque esbarrar em mim;", relembrou a mãe.
A mulher afirma, ainda, que Nogueira proferiu diversas palavras de caráter racista contra ela. Em uma das falas, ele teria xingado a mãe do garoto de "preta", "gorda", "puta" e "obesa", por diversas vezes. Ofendida, ela diz que chegou, inclusive, a ser ameaçada. "Ele colocou a mão no meu ombro e falou para eu não falar nada se não ele iria me bater", atesta.
Diante da discussão, o gerente do estabelecimento se pronunciou e pediu que Arlinda ignorasse a atitude de Eduardo. Uma das testemunhas não aceitou a sugestão do funcionário da loja e disse que chamaria a polícia. "Uma mulher gritou para o gerente e falou que ele não ia sair, que ia chamar a polícia. O gerente me levou para fora da loja. Eu estava chorando muito com tudo que ouvi", destaca.
Ao mesmo tempo em que a mãe e a criança eram retiradas da loja, o autor das agressões tentou fugir. Duas testemunhas que estavam próximo à cena seguiram o advogado e chamaram um segurança, que o deteve até a chegada da polícia.
Todos os envolvidos prestaram depoimento à Polícia Civil e Eduardo foi preso em flagrante, por suspeita de injúria racial contra a criança e a mãe. O advogado foi encaminhado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, em Belo Horizonte, nessa segunda-feira (1/4), onde passou a noite. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), Eduardo saiu da prisão às 15h20 desta terça-feira, mediante o pagamento de R$ 10 mil em fiança, fixados pela Justiça mineira.
Esquizofrênico
Em audiência de custódia, a defesa do acusado comprovou que ele é esquizofrênico. O homem vai responder o processo criminal em liberdade.
A decisão se deu em razão dos problemas psicológicos do advogado, comprovados mediante laudo médico. Ele terá de obedecer várias medidas cautelares, como o encontro mensal com uma equipe multidisciplinar da Justiça no prazo de seis meses e participação de todos os autos do inquérito e da ação penal que vier a ser instaurada.