Estado de Minas
postado em 26/04/2019 13:53
O crime que assustou Belo Horizonte nesta semana deixa mais uma vítima. O jovem João Pedro Seabra Anísio, de 26 anos, atacado pelo ex-padrasto com tiros e fogo na madrugada da última segunda-feira, morreu no início da tarde desta sexta-feira. Ele estava internado em estado grave no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. O irmão, Paulo Henrique Seabra Anísio, de 24, morreu na última terça.
O autor do crime, Tchaikovsky Mourão, também morreu, carbonizado, após agredir a família. O engenheiro eletricista estaria revoltado com o término do relacionamento com a mãe dos rapazes, Élida Maria Seabra, de 58. Ele disparou contra a mulher e os dois filhos dela e ainda ateou fogo à casa, no Bairro Universitário, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
De acordo com amigos da família, a mãe dos jovens sofreu queimaduras em 70% do corpo, sendo 15% delas de terceiro grau, e continua internada em estado grave no Hospital João XXIII. Os filhos, João Pedro e Paulo Henrique, sofreram queimaduras de terceiro grau em 95% do corpo. Os dois também estavam internados internados no Hospital João XXIII, mas morreram.
O crime
De acordo com o capitão Lisandro Sodré, a Polícia Militar (PM) recebeu um chamado via 190 alertando para disparos de arma de fogo. Como havia uma viatura no Anel Rodoviário, os primeiros militares demoraram menos de um minuto para chegar até o local. Eles já encontraram as vítimas do lado de fora da casa e iniciaram o socorro, mas ouviram novos disparos e por isso acionaram o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Quando os policiais entraram, encontraram o engenheiro eletricista Tchaikovsky Mourão carbonizado, assim como uma pistola calibre 380 queimada.
Outras duas pistolas foram encontradas no imóvel, além de seis armas de pressão. O homem era atirador esportivo e tinha acabado de renovar o registro de todas as armas em 1; de abril, segundo as informações repassadas pela ex-mulher dele à PM. Antes de ser atendida, ela também disse que o motivo das agressões seria o fato de ele não aceitar o fim do casamento. Os dois já estavam em processo de separação havia cerca de um mês.
Núcleo de Investigação em Feminicídio
Belo Horizonte deve receber, nos próximos dias, o Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídio. A resolução que prevê sua instalação foi publicada na última terça-feira. De acordo com a Polícia Civil, neste ano, até 18 de março, os feminicídios chegavam a 17 no estado e as tentativas de crime desse tipo a 35.
O núcleo será responsável pela investigação dos crimes de feminicídio consumado e integrará a Divisão Especializada em Investigação de Crimes Contra a Vida do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com a resolução publicada no Minas Gerais, deverá ser disponibilizado aos familiares da vítima de feminicídio o atendimento por equipe multidisciplinar composta por assistente social e psicólogo. A resolução prevê ainda que o Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família fique responsável por encaminhar ao Núcleo de Feminicídio as notícias de crime de feminicídio consumado que ocorrerem em todo o estado.