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Brasil é o sexto país mais perigoso para jornalistas, afirma Unesco

Outro estudo, também lançado nesta terça-feira, pelo Conselho Nacional do Ministério Público com dados específicos do Brasil, revela que entre 1995 e 2018 foram identificados 64 assassinatos decorrentes do exercício do jornalismo

Beatriz Roscoe*
postado em 01/05/2019 06:00
Conflito na Síria é um dos mais difíceis para o exercício da atividade jornalística
O Brasil é o sexto país mais perigoso para o exercício da atividade jornalística, atrás de países com crises institucionais, políticas ou humanitárias como Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália, segundo relatório da Unesco divulgado ontem. Outro estudo, também lançado nesta terça-feira (30/4), pelo Conselho Nacional do Ministério Público com dados específicos do Brasil, revela que entre 1995 e 2018 foram identificados 64 assassinatos decorrentes do exercício do jornalismo. O estado que mais registrou crimes foi o Rio de Janeiro, com 13 homicídios, seguido pela Bahia (7), Maranhão (6), Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (5, cada), Ceará (4), Rondônia e Rio Grande do Norte (3, cada), São Paulo, Sergipe, Alagoas, Amazonas e Paraná (2, cada) e Espírito Santo, Pará e Paraíba (1, cada).

;Calar ou ameaçar a imprensa é flertar com o autoritarismo, com o desrespeito e com violações a uma liberdade fundamental assegurada pela Constituição;, disse a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, em sessão solene do Conselho Nacional do Ministério Público no Dia Mundial da Liberdade de imprensa, quando os estudos foram divulgados. ;Não existe liberdade sem imprensa livre;, completou.

Segundo Emmanuel Levenhagen, membro auxiliar da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), os dados mostraram que os jornalistas foram mortos enquanto ou após denunciar esquemas de corrupção, tráfico e práticas criminosas. ;No caso do Rio de Janeiro, há uma diferença. Por isso, os números se destacam. Enquanto nas outras cidades e municípios as denúncias eram mais relativas à corrupção, no Rio ,eram denúncias de práticas de traficantes, organizações criminosas, e existem casos bastante emblemáticos, como o do jornalista Tim Lopes;, disse.

Dados mundiais


Segundo a Unesco, entre 2006 e 2017 foram assassinados 1.010 jornalistas no mundo. Só em 2017, foram 80. O ano com maior número de crimes foi 2012, com 124 assassinatos. ;Quando se cala a voz de um jornalista, se cala também a voz da sociedade e comete-se um atentado à democracia;, disse a diretora e representante da Uneco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto. Em 2017, um jornalista foi morto a cada quatro dias no mundo e o número de profissionais assassinados fora de áreas de conflitos armados vem aumentando nos últimos anos e corresponderam a 55% do total, em 2017. A maioria dos crimes foi contra comunicadores da televisão (45%), seguido por a mídia impressa (21%), mídia mista (19%), rádio (9%) e veículos on-line (6%).

* Estagiária sob supervisão de Cláudia Dianni

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