Brasil

Roubo de combustível em que criança foi queimada tem relação com milícias

O suspeito preso, Willian Cesar Vieira, teria participado do crime que provocou o vazamento de gasolina do tipo A, produto altamente tóxico, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Tentativa de roubo deixou cinco pessoas feridas

Ingrid Soares
postado em 02/05/2019 06:00
Policiais investigam se o crime tem relação com grupos milicianosA Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu ontem um suspeito de participar da tentativa de roubo de combustível que resultou em um vazamento de gasolina em um duto da empresa Petrobras Transporte S.A. (Transpetro) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no último dia 26. O vazamento deixou cinco pessoas feridas.

Segundo a Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), Willian Cesar Vieira, de 21 anos, responderá por tentativa de homicídio qualificado, furto duplamente qualificado, constituição de milícia privada, crime contra a ordem econômica e contra o meio ambiente. A corporação afirma ainda que as investigações indicam que ele é suspeito de integrar um grupo miliciano, que estaria envolvido na tentativa de roubo. O homem foi localizado em casa, no bairro Xerém. A polícia chegou até ele a partir de uma moto abandonada no local. Ele negou participação no caso. As investigações seguem para identificar outros suspeitos.

A polícia ressaltou que, ao furar o duto, o líquido jorrou a uma altura de dez metros, em alta temperatura. Quatro famílias, com um total de 17 pessoas, precisaram sair de suas casas por causa do forte cheiro e do risco de explosão. Cães e gatos da região morreram em decorrência do gás liberado.

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Vitor Hugo Kaczmarkiewicz, as chances de o lençol freático estar contaminado é são de 90%, mas é necessário aguardar o resultado da análise. Ao Correio, o secretário de Defesa Civil de Duque de Caxias, André Luís Gomes Xavier, afirmou que a hipótese de contaminação do lençol freático não está descartada, uma vez que a gasolina que vazou é a do tipo A, a mais forte que existe. E não pode ser comercializada, por não ter recebido o devido preparo para ser vendida em bombas. O produto tem um cheiro muito forte e queima a pele.

;Temos que aguardar o laudo. Mas temos orientado a população num raio de 5km, que tem poços no local, a não consumirem a água até sair o resultado. O componente presente na gasolina tem grande potencial cancerígeno;, afirma.

Segundo ele, o laudo deve ficar pronto até a semana que vem. Está prevista para hoje uma reunião entre membros da Defesa Civil, Meio Ambiente e Habitação na sede da Transpetro sobre contaminação dos poços e possíveis interdições de casas atingidas.


Criança em estado grave


Entre os feridos, está uma menina de 9 anos, que desmaiou ao tentar correr para fora da casa onde vive, que fica em frente ao local do vazamento. Ela caiu em uma poça de gasolina. Ana Cristina Pacheco teve 80% do corpo queimado e está internada na CTI em estado gravíssimo. Além dela, o funcionário da Transpetro, Olavo Pacífico dos Santos, de 51 anos, e o morador Antônio Martins da Silva, de 53 anos, também ficaram feridos, mas logo receberam alta.

A Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que a multa aplicada à empresa pode chegar a R$ 17 milhões. Já a Secretaria Municipal de Meio Ambiente esclareceu que o acidente poderia ter sido evitado se a Transpetro mantivesse o monitoramento contínuo dos dutos que cortam o Município. Ontem, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que está contido o vazamento de combustível, mas que continua no local para monitorar as áreas atingidas, adotando medidas de contenção, com o objetivo de evitar a propagação dos danos ambientais. A equipe constatou a contaminação do solo em 300 metros quadrados.

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