Agência Brasil
postado em 12/05/2019 14:32
Completou um mês hoje (12) o desabamento de dois prédios no Condomínio Figueiras do Itanhangá, na comunidade da Muzema, em Jacarepaguá, zona oeste da capital fluminense, que deixou 24 mortos e centenas de desabrigados. Os prédios eram construções irregulares e ilegais que haviam sido interditados duas vezes, no final do ano passado e em fevereiro deste ano. Duas pessoas feridas no desabamento seguem internadas e têm pacientes estáveis, informou a Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação informou que, até o momento, não recebeu nenhum encaminhamento de moradores da Muzema para receber o Auxílio Habitacional Temporário (AHT) que se enquadram na lei. A secretaria salientou que o AHT, ou aluguel social, é regido por lei e, para recebê-lo, o cidadão precisa atender aos pré-requisitos previstos. Na última semana, foram desocupados pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação três prédios na região de Muzema.
No último dia 16 de abril, a Justiça acatou pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e proibiu a realização de obras e novas construções na região. Foi proibida também a venda de qualquer imóvel ou terreno no local.
O prefeito Marcelo Crivella anunciou que serão demolidos, no total, 16 prédios localizados na região da Muzema. Crivella anunciou ainda a criação no local de um parque em área de preservação ambiental, em memória das 24 vítimas do desabamento.
Balanço
O balanço apresentado pela prefeitura do Rio revela que a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) permaneceu na Muzema com uma base até o dia 18 de abril. A partir dessa data, as famílias passaram a ser atendidas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Cidadania Rio das Pedras, em Jacarepaguá.
No dia 24 de abril, a prefeitura carioca demoliu o prédio de três andares que desabou, de forma manual, para evitar abalos estruturais nos edifícios do entorno. No dia 30, iniciou a demolição do segundo prédio que caiu no Condomínio Figueiras do Itanhangá, na Estrada de Jacarepaguá, 370. A expectativa é que os serviços sejam concluídos no final deste mês de maio, envolvendo 60 trabalhadores de diversos órgãos municipais. Laudo da Defesa Civil realizado após o incidente apontou que as duas construções tinham risco iminente de colapso e deveriam ser demolidas imediatamente.
Desde o desabamento dos prédios na Muzema, a Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) mantém equipes atuando diariamente na região, informou a prefeitura carioca. Na última sexta-feira (10), o efetivo empregado foi da 7; Inspetoria, que atua nas ações de patrulhamento dos bairros da região. Os guardas municipais atuam em apoio às ações do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, entre outros órgãos, focando no isolamento da área, apoio aos agentes e no suporte aos cidadãos.
Após a interdição dos dois prédios vizinhos ao desabamento, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil do município se mantém em estágio de plantão para atender as equipes da Secretaria de Conservação que realizam a demolição do último imóvel. A Defesa Civil municipal atende a chamados da população pelo número 199. Nos últimos dois dias, o órgão realizou 51 vistorias estruturais em imóveis do conjunto em apoio à Coordenadoria de Operações Especiais (COE), da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (SMIH). Nas duas inspeções não foram constatados riscos estruturais iminentes que apontem para interdições emergenciais, informou a assessoria de imprensa da prefeitura.
O balanço apresentado pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlubr) mostra que foram removidas, na região do Itanhangá, 3.300 toneladas de resíduos. Segundo a Comlurb, a rotina na Muzema e Tijuquinha voltou com a coleta domiciliar, varrição e remoção de resíduos diariamente. A operação conta com apoio de um caminhão compactador, quatro basculantes e uma pá carregadeira, além de equipe de até 15 garis.
Suspeitos
Três milicianos suspeitos de construção e venda dos apartamentos irregulares na Muzema estão foragidos. Eles são acusados de homicídio com dolo eventual, ou seja, quando se assume o risco de matar. A polícia está a procura de José Bezerra de Lira, conhecido como Zé do Rolo; Renato Siqueira Ribeiro; e Rafael Gomes da Costa.