Jornal Correio Braziliense

Brasil

Alunos de colégios militares são proibidos de participar de Olimpíada de História

Os 14 mil alunos do Sistema Colégio Militar foram proibidos de participar da 11.ª Olimpíada Nacional de História do Brasil. O Departamento de Educação e Cultura do Exército atribuiu a decisão ao fato de o evento "não atender ao interesse da proposta pedagógica do Sistema Colégio Militar". Representantes tiveram acesso ao conteúdo de algumas questões e consideraram inadequado para seus alunos. O Sistema Colégio Militar informou, em nota, que "devido ao conteúdo apresentado em algumas questões, optou-se pela não participação no evento, por não atender ao interesse da proposta pedagógica das suas unidades". No entanto, não informou quais questões ou conteúdos não considerou adequado. A competição é coordenada pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico. São várias etapas de prova, até a disputa final, programada para o segundo semestre, em Campinas. O jornal O Estado de São Paulo apurou que, entre os pontos que desagradaram militares estava o uso de palavrões em textos das questões. A proibição provocou indignação de estudantes. Eles ressaltaram que a medida destoa da conduta adotada nos colégios do sistema, que sempre foi o de incentivo à participação nesse tipo de competição. Alunos atribuem a proibição à tentativa do departamento de evitarem que alunos do sistema tenham contato com questões que façam alusão ao período da Ditadura Militar. Professores foram encarregados de transmitir o comunicado da proibição para os alunos. Não foi informada qual a punição para aqueles que desrespeitarem a proibição e participarem das etapas de seleção. A coordenação da olimpíada informou que a proposta da competição "tem auxiliado a milhares de estudantes em seu desempenho escolar, no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em vestibulares e concursos". Segundo a coordenação, as equipes dos colégios militares participam do evento desde a primeira edição, em 2009, "com brilhantismo, tendo já obtido inúmeras medalhas". A coordenação também destacou que a participação é opcional e que não possui nenhuma ingerência sobre as decisões pedagógicas das escolas participantes. Ressaltou ainda que o objetivo principal do projeto é "incentivar o desenvolvimento da análise crítica e discussões sobre os mais variados temas". Informou que as questões e atividades "são elaboradas com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais, Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)". De acordo com a coordenação, neste ano, 73 mil alunos e professores se inscreveram na competição, o que corresponde a 18,5 mil equipes. Desse total, 16,6 mil grupos seguiram para a segunda fase, que teve início na segunda-feira, 13. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.