postado em 31/05/2019 04:05
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, postou vídeo ontem, no Twitter, em que afirma que professores estão ;coagindo alunos; a participarem das manifestações. Ele estimulou os estudantes que estiverem se sentindo pressionados a enviar denúncia ao ministério para que a pasta tome providências. O discurso do ministro foi reforçado por nota divulgada pelo MEC, segundo a qual nenhuma instituição pública de ensino tem prerrogativa legal para incentivar movimentos político-partidários e promover a participação de alunos em manifestações.
A afirmação de Weintraub provocou reações entre a comunidade acadêmica e políticos de oposição. Em nota, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) considerou as declarações do ministro como ;uma afronta;. Para o Andes, o discurso demonstra ;o equivocado raciocínio do governo de que os estudantes são incapazes de pensar de forma independente;.
A diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa afirma que o posicionamento do ministro mostra que o governo tenta passar para a sociedade uma ideia distorcida da postura e do papel do professor. ;Também não entendemos que seja um erro os professores incentivarem os alunos a participar. A escola precisa, sim, incentivar o questionamento, o debate. Achar que nossos estudantes não têm capacidade de compreender por si só e de se organizarem é desconsiderar a capacidade da juventude. O movimento estudantil tem total autonomia de organizar um ato como esse;, disse.
Ontem, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Norte ajuizou uma ação civil pública contra Abraham Weintraub e a União por danos morais coletivos causados aos alunos e professores das instituições públicas de ensino. A Procuradoria sugeriu o pagamento de uma indenização de R$ 5 milhões em razão de condutas e falas do ministro, entre elas a declaração: ;universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas;. Para o Ministério Público Federal, a afirmação ;demonstra clara vontade discriminatória;.
No último domingo, o presidente Bolsonaro afirmou que exagerou ao chamar de ;idiotas úteis; manifestantes que foram às ruas em 15 de maio contra cortes de verbas da educação. Na ocasião, Bolsonaro também afirmou que os estudantes são ;massa de manobra;, manipulados por uma minoria que comanda as universidades federais. Para o presidente, o ;certo; seria chamá-los de ;inocentes úteis;. (IS)