Caso condenado, Rudson pode pegar até 150 anos de prisão, pois, de acordo com o artigo 121 do Código Penal, as penas para homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado variam de 12 a 30 anos de reclusão.
"Foi afastada a hipótese de que ele tivesse agido por surto. Durante as investigações, delimitamos que ele teria premeditado o crime e tido total noção da realidade durante a execução dos delitos, além de capacidade e determinação para os atos criminosos," explicou a delegada de homicídios da 2; Delegacia Regional de Paracatu, Thays Regina Silva.
[SAIBAMAIS]A polícia também confirmou que Rudson agiu devido a um , Evandro Rama, 37, há cerca de dois meses. Na noite do massacre, Evandro era o principal alvo da fúria de Rudson, mas conseguiu fugir da igreja antes de o assassino começar a atirar.
"Ele (Rudson) teria se indignado com o afastamento de uma posição de liderança dentro da célula religiosa e passou a atribuir posturas inidôneas ao pastor Evandro, principalmente com mensagens em grupos de Whatsapp compostos por integrantes da igreja. Como os demais participantes do grupo não apoiavam as ações do Rudson, ele foi excluído. Isso lhe causou ira e revolta, tanto que, na noite do massacre, ele se dirigu não só ao pastor, mas a todo o grupo de liderança da igreja ao qual participava," detalhou a delegada.
Rudson era intercessor na Igreja Batista Shalom e auxiliava o pastor Evandro a conduzir orações para os fiéis. No entanto, após ser alertado de problemas pessoais do assassino, Evandro o retirou da função. Tentou auxiliá-lo, mas Rudson não se mostrou interessado nos conselhos do pastor. Sendo assim, Evandro o expulsou da instituição religiosa.
Rudson matou três pessoas dentro da Igreja Batista Shalom. Revoltado com a fuga de Evandro, Rudson abriu fogo contra os fiéis e assassinou o pai do pastor, Antônio Rama, 67; Rosângela Albernaz, 50; e Marilene Martins de Melo Neves, 52. A tragédia poderia ter sido maior, pois outras 17 pessoas estavam no local e o homicida ainda tinha seis munições intactas. Policiais militares que faziam patrulhamento nas redondezas do prédio alvejaram Rudson, cessando a ação criminosa.
Feminicídio descartado
Antes da ação sanguinária no templo religioso, Rudson tirou a vida da ex-namorada Heloísa Vieira Andrade, 59, com um golpe de canivete no pescoço dela. A vítima estava em uma casa da família de Rudson, que fica a três quadras de distância da igreja. A mulher orava ao lado da mãe e da irmã do homicida quando foi atacada.
A Polícia Civil mineira afastou qualquer possibilidade de que a morte de Heloísa seja classificada como feminicídio. Segundo Thays Regina, o segurança tirou a vida da mulher com quem namorou por cerca de sete meses porque ela continuava frequentando a igreja, mesmo após ele ter sido afastado.
"Descartamos a possibilidade de que o homicídio de Heloísa tenha sido causado por motivos passionais. Ela era bastante atuante na comunidade religoisa, o que pode ter potencializado a sensação de ira do autor dos crimes. Além disso, Rudson se zangou com a ex-namorada pois ela nunca lhe emprestava dinheiro quando ele pedia," declarou a delegada. De acordo com Thays Regina, Rudson culpava Heloísa pelo término do relacionamento. No entanto, a mulher sempre demonstrou ser carinhosa e afetuosa com ele. "Heloísa gostava muito dele, de fato. A todo momento queria ajudá-lo," acrescentou.
Preso preventivamente
Desde sexta-feira (24/5), em Carmo do Paranaíba (MG). Ele foi levado para o presídio assim que recebeu alta do Hospital Municipal de Paracatu, após ficar três dias internado se recuperando dos ferimentos causados pelos policiais militares na noite do massacre.
A prisão preventiva do assassino foi decretada pelo juiz da Vara de Feitos Criminais e da Infância e da Juventude de Paracatu, José Rubens Matos. "A materialidade da infração penal ficou configurada pelo auto de prisão em flagrante delito e há indícios suficientes de autoria. A periculosidade concreta do flagranteado impõe a manutenção do cárcere como medida de salvaguardar a ordem pública," defendeu na sentença.
Ele permanecerá no complexo penitenciário até ser levado a júri popular. Rudson não conseguiu advogado de defesa. E, ao ser interrogado pela Polícia Civil, pouco falou. "Durante o interrogatório, ele disse que não se lembrava do que ocorreu. Mas na maior parte do tempo, manteve-se em silêncio," frisou Thays Regina.