Agência Estado
postado em 04/06/2019 18:23
Um dos familiares dos seis brasileiros mortos por intoxicação em um apartamento em Santiago, e que esteve no Chile acompanhando a liberação dos corpos, disse que não há certezas de que o grupo tenha acionado socorro local. Segundo Samuel Kruger, as mensagens encaminhadas aos familiares no Brasil relatando sintomas do efeito do monóxido de carbono são desencontradas: "Não temos certeza de que foi feita essa solicitação porque as mensagens estavam um pouco truncadas", disse.
Samuel é tio de Adriane Kruger, de 27 anos, e foi destacado para ser o porta-voz da família durante o velório coletivo que é realizado na tarde desta terça-feira, 4, em Biguaçu, na grande Florianópolis. Ele concedeu entrevista coletiva por volta das 13h30 e foi o único a falar em nome das famílias no local.
Segundo Kruger, ainda durante a tarde do dia 22, horas antes de morrerem, os brasileiros encaminharam áudios e fotos. Em uma das conversas, Débora chega a dizer que suspeita de uma infecção por vírus e fala sobre a demora de um suposto socorro.
O apartamento só foi arrombado na noite daquele dia após um contato do advogado Mirivaldo Costa com Consulado-Geral do Brasil em Santiago autorizando a entrada no apartamento.
"Nós recebemos contato deles no mesmo dia, eles mandaram áudios e imagens, foi no decorrer do dia mesmo que ficamos sabendo", afirmou Kruger. Ele elogiou o trabalho das autoridades chilenas durante o processo de identificação e liberação, mas não quis opinar sobre possível negligência.
Já o advogado Marivaldo Costa, por telefone, disse que houve um equivoco no fornecimento do endereço da família às autoridades chilenas. "Eles acionaram a polícia por lá e nos os acionamos por aqui, mas o endereço que se tinha inicialmente não era o correto. A polícia chegou a ir no primeiro local informado e só depois é que teve acesso ao endereço correto", afirmou.
O advogado disse, ainda, que o caso está sob investigação e que não há elementos para afirmar se houve negligência com a demora. "O que parece é que houve uma convergência de fatos para esse desfecho. Mas tudo ainda está sob investigação".
No dia 24 de maio, os Carabineiros, que equivalem à Polícia Militar, admitiram uma possível demora do socorro e abriram uma investigação interna.
Mesmo assim, a polícia chilena ainda não concluiu na investigação se houve ou não contato de familiares com as autoridades locais, segundo Mirivaldo. "O que temos são informações que nós colhemos, mas a polícia chilena ainda não concluiu se teve esse contato", pontuou.
Na sexta-feira, 31, o laudo da causa mortis apontou que os seis brasileiros morreram por intoxicação após inalarem monóxido de carbono. O apartamento alugado através da plataforma Airbnb da década de 1950 estava há 15 anos sem vistoria. Todos os custos do traslado e do funeral foram bancados pela empresa.
Mais de três mil pessoas passaram pelo local
Única brasileira que não é natural de Biguaçu, na grande Florianópolis, Adriane Kruger será enterrada junto com os demais no cemitério de São Miguel. "Nós entendemos que a família é a base de tudo e a Adriane era a única que não era daqui. Quando Deus une, o casal deve permanecer junto", disse Samuel, que também é pastor adventista.
Às 14h teve início a celebração religiosa com a presença do padre da paróquia local seguido de um culto ministrado por um pastor adventista.
O ginásio de esportes da Univali, onde é realizado o velório coletivo, ficou lotado para a celebração. Desde as 8h30, quando o velório foi aberto ao público, mais de três mil pessoas já passaram pelo local.
Fabiano de Souza, de 41 anos, sua mulher, Débora Muniz Nascimento de Souza, de 38, os filhos Felipe Nascimento de Souza,de 13, e Karoliny Nascimento de Souza, de 14; além de Jonathas Nascimento, de 30, irmão de Débora, e a sua mulher, Adriane Kruger, de 27, que moravam em Hortolândia, interior de São Paulo, serão todos enterrados juntos no cemitério de São Miguel, em Biguaçu.