Brasil

Exame da OAB: presa quadrilha por fraude

Polícia Federal cumpre cinco mandatos de prisão no âmbito da Operação Singular. Detidos são suspeitos de invadir sistema da Fundação Getulio Vargas e alterar notas da prova da Ordem dos Advogados do Brasil

postado em 05/06/2019 04:05
Agentes da PF identificaram grupo especializado em diversos crimes na internet, inclusive a invasão indevida de instituições organizadoras de provas

Por meio da deep web, uma camada da internet com acesso restrito a convidados e pessoas com elevado conhecimento de informática, a Polícia Federal identificou integrantes de uma organização criminosa especializada em diversos crimes no ambiente virtual. Entre as fraudes realizadas pelo grupo está a alteração da nota de candidatos no exame nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A investigação identificou dois advogados que ingressaram na profissão após interferência da quadrilha no sistema da Fundação Getulio Vargas, responsável pela aplicação do certame.

A operação Singular, cumpriu cinco mandados de prisão. As investigações ocorrem há dois anos. As diligências continuam para averiguar se ocorreram fraudes em concursos públicos. O delegado da PF Luiz Roberto Ungaretti de Godoy afirma que as atividades criminosas da organização buscavam obter ganhos financeiros por meio de fraudes em diversas frentes de atuação. ;Identificamos que a quadrilha realizava uma série de crimes virtuais, como estelionato, furto, fraudes em concursos e similares, fraudes bancárias e também venda de cartões de crédito clonados. Entre as fraudes havia a invasão indevida de bancos de dados de instituições, como a FGV, que faz o exame da OAB;, disse.

Em relação à fraude no exame da OAB, de acordo com as investigações, os chamados crackers (criminosos do meio cibernético) invadiram o sistema da FGV para alterar a nota dos candidatos na prova aplicada na segunda fase. Assim, o nome do candidato era colocado na lista de aprovados. ;Com a colaboração da FGV e da OAB, conseguimos sucesso na identificação dessa empreitada criminosa. Para isso, era necessário que os candidatos fossem aprovados na 1; fase e, assim, era possível fazer a mudança na nota para o valor mínimo de aprovação no exame;, contou o delegado. Os advogados que tiveram os nomes inseridos na lista de aprovados não foram revelados por conta do segredo de Justiça aplicado ao caso.

A Polícia Federal também esclareceu que, até o momento, não há confirmação sobre envolvimento de funcionários da instituição de ensino. O delegado Luiz Roberto revelou que existem indícios de que o esquema atingiu outras instituições. ;Não posso indicar quais são as instituições envolvidas, porque a operação ainda depende de cumprimento de sentença de busca e apreensão, do espelhamento das mídias para poder ter a confirmação de que houve efetivamente fraude em concursos públicos;.

Colaboração

Em nota, a OAB afirmou que foram solicitadas as informações sobre o desfecho da operação, a fim de que medidas no âmbito da instituição sejam adotadas em relação ao caso. ;A OAB solicitou informações da Polícia Federal sobre os autos e resultados da operação que identificou ataque cibernético ao sistema da Fundação Getulio Vargas, empresa contratada para a aplicação do exame de Ordem, e tomará todas as medidas cabíveis. A Ordem vem colaborando com a PF na investigação, desde setembro de 2018, para que houvesse o desfecho exitoso que aconteceu no dia de hoje;, informou a entidade.

A Fundação Getulio Vargas também se manifestou sobre a Operação Singular e disse que está colaborando para a elucidação do caso. ;A apuração, pela Polícia Federal, de tentativa de fraude cibernética em um dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil tem sido realizada, desde o início, com ajuda e participação da FGV nas investigações, tudo com o necessário sigilo para se alcançar o êxito da operação executada nesta data, desbaratando quadrilha de hackers que atuava, principalmente, na tentativa de invasão de bancos de dados de instituições financeiras.;

* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira

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