postado em 14/06/2019 04:16
Apesar de viver quase dois anos em meio a uma crise hídrica, com 513 dias de racionamento, a população brasiliense ainda não mudou radicalmente o padrão de consumo de água. Segundo a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), o volume consumido no Distrito Federal nos quatro primeiros meses de 2019 foi 10,1% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando ainda vigoravam os cortes semanais no abastecimento.
Enquanto de janeiro a abril de 2018 foram consumidos 46,3 milhões de metros cúbicos de água, no mesmo intervalo deste ano os brasilienses utilizaram 51 milhões de metros cúbicos, muito próximo do que foi registrado em 2016 (52,7 milhões de m;), antes da crise hídrica. Por conta disso, representantes do órgão pediram mais consciência à sociedade. Presidente da Adasa, Paulo Salles comentou, durante o seminário no Correio, que os hábitos aprendidos durante o racionamento não podem ser esquecidos.
;O consumo de água no DF um ano após o fim do racionamento exige reflexão. As boas práticas aprendidas no período crítico de abastecimento devem prevalecer, e novas medidas, como o reúso e o aproveitamento da água de chuva, devem ser adotadas;, afirmou Salles. Ele ressaltou que ;não bastam os reservatórios cheios para garantir a segurança hídrica;. ;Temos de poupar nos momentos de abundância. É preciso mudar o comportamento para tratar a água com respeito e responsabilidade;, disse.
Segundo a Adasa, os afluentes que abastecem os principais reservatórios de Brasília reduziram os índices de vazão entre 25% e 60% durante o período de escassez e ainda não voltaram ao normal. ;As pessoas acham que, com os reservatórios cheios, podem usar água como bem entenderem. Mas não é assim. Temos que continuar trabalhando para aumentar a resiliência de nossos sistemas e garantir a segurança hídrica para a população;, destacou o diretor da agência Jorge Werneck.
Companha
Na próxima semana, a Adasa vai lançar uma campanha sobre o consumo racional do recurso, intitulada ;Use, reuse, economize & repita;. ;Hoje, a situação hídrica é muito melhor do que aquela vivenciada entre 2016 e 2018, contudo, ainda é pior do que a média histórica. Portanto, é importante continuar avançando na implementação de instrumentos de gestão, nos investimentos em infraestrutura e no uso racional de água no DF;, afirmou Werneck.
O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, José Sarney Filho, alertou para a necessidade de se cuidar dos mananciais para diminuir a escassez de água no futuro. ;A água não nasce no reservatório. A água está nas nascentes, depois corre para pequenos riachos, daí para rios e, só então, se faz um reservatório;, esclareceu.