Cristiane Silva/Estado de Minas
postado em 18/06/2019 15:42
Um adolescente de 17 anos foi apreendido na manhã desta terça-feira (18/6) após espalhar pânico pelo centro de Coronel Fabriciano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar (PM), ele colocou artefatos com pólvora em imóveis da região, colocou fogo em um carro parado em frente a prefeitura e, ao tentar atacar a própria escola, acabou apreendido.
[SAIBAMAIS]Em entrevista ao Estado de Minas, o tenente-coronel Warley Geraldo Silva, comandante do 58; Batalhão da Polícia Militar da cidade, a ocorrência começou por volta das 8h, quando os militares foram chamados por conta do carro incendiado. Segundo a prefeitura, o veículo pertence a uma servidora. ;Quando a PM chegou, ele não estava mais lá. Enquanto atendíamos a ocorrência e fazíamos o rastreamento, a diretora da escola entrou em contato falando que havia um indivíduo dentro da secretaria danificando computadores, dizendo que colocaria fogo, e determinando que as pessoas saíssem da escola;, contou o militar.
A instituição de ensino é a Escola Estadual Alberto Giovanini, que fica a cerca de 5 quilômetros do centro da cidade. Ele chegou lá e mototáxi e disse e entrou após dizer que precisava devolver um livro. ;De imediato, a PM chegou e efetuou a apreensão. É um menor de 17 anos que alega revolta com o estado, com as coisas que acontecem, transgênicos, vacinas;, contou o comandante da polícia local. Imagens que já circulam pelas redes sociais mostram o momento da apreensão do rapaz, que usava uma touca e estava com o rosto coberto por um pano branco pintado com tinta preta.
Com ele foi encontrado um caderno no qual ele disse estar a motivação dos ataques. Entre as anotações, há uma reprodução da capa da graphic novel Maus: a história de um sobrevivente. Escrita pelo cartunista norte-americano Art Spiegelman, ela fala sobre o período do Holocausto. A imagem contém uma suástica, símbolo do nazismo. Também foram apreendidos pólvora e líquido inflamável. Conforme o tenente-coronel, ele conversou com os policiais normalmente, negou que tivesse algum problema na família e contou que não ia à escola há três semanas. O adolescente também não tinha passagens pela polícia.
Rodoviária e banco
Além dos ataques aos dois imóveis públicos, o adolescente deixou artefatos montados com pólvora na rodoviária e também em frente a um banco no centro de Coronel Fabriciano. ;Ele fala que o objetivo era chamar atenção para essa revolta. Era uma espécie de bomba a caseira, ele fala que olhou pela internet, mas não foram detonados. Usou apenas pólvora, seriam apenas artefatos incendiários;, conta o tenente-coronel Warley. Os locais onde os objetos estão foram isolados. O da rodoviária estava perto de uma janela no segundo andar, e o outro em frente ao banco. Os locais não foram fechados e passaram por perícia. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi notificado da situação e, segundo o militar, eles devem avaliar os objetos para ver se será necessário enviar uma equipe para detonação.
;Ele fala que não tinha intenção de matar ninguém;, afirma o policial militar. Detido no batalhão da PM, ele seria levado à Delegacia da Polícia Civil onde ficaria com os responsáveis legais. As aulas do turno da manhã acabaram sendo interrompidas pela confusão, segundo o comandante da PM de Coronel Fabriciano.
Por meio de nota enviada à imprensa, a prefeitura da cidade disse que o adolescente tentou entrar no hall da prefeitura antes de incendiar o carro, que ficou parcialmente destruído. O Executivo também cita uma tentativa de ataque a uma farmácia, o que não foi confirmado pela PM. A prefeitura informou que está acompanhando as investigações e vai reforçar a segurança. Leia o posicionamento na íntegra:
"A Prefeitura de Coronel Fabriciano informa que o suspeito pelo atentado contra Paço Municipal já foi detido pela Polícia Militar para averiguação. O rapaz é menor de idade e estudante da Escola Estadual Alberto Giovanini, onde danificou vários equipamentos eletrônicos daquela instituição na manhã desta terça-feira, 18, e então seguiu para a área central da cidade.
Servidores que chegavam para trabalhar no momento do crime relatam que o rapaz carregava uma mochila com materiais inflamáveis. Ele tentou entrar no hall da Prefeitura, mas sem sucesso, ateou fogo no carro de uma servidora que estava estacionado em frente ao prédio do Paço. Ele seguiu em direção à agência da Caixa Econômica Federal e Farmácia Indiana, também atentando contra estes lugares.
Ainda não se sabe a motivação dos atentados.
A Prefeitura está acompanhando todas as investigações e irá tomar providência para reforçar a segurança no local."