postado em 19/06/2019 04:16
O desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4.; Região (TRF-4), decretou o afastamento por 30 dias do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, no âmbito da Operação Chabu, deflagrada pela Polícia Federal (PF). Até recentemente filiado ao MDB, Loureiro foi preso ontem por suspeita de ter sido beneficiário, ao lado de outros políticos e empresários, de informações secretas repassadas por um grupo de policiais da área de inteligência da própria PF e também da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A prisão de Loureiro foi decretada em regime temporário por cinco dias. O afastamento das funções de prefeito começa a valer do início da prisão. O desembargador impôs, ainda, outra restrição ao prefeito: ele fica proibido de manter contato, por qualquer forma, com os demais envolvidos na investigação. Entre os alvos da Chabu com os quais Loureiro não poderá se comunicar, citados pelo magistrado, estão o delegado da PF Fernando Caieron e o ex-secretário da Casa Civil, Luciano Veloso Lima.
A Operação Chabu mira organização que violava sigilo de operações policiais em Santa Catarina. O grupo contava com uma rede de políticos, empresários e agentes da PF e da PRF. Segundo as investigações, o grupo também contrabandeava equipamentos de contrainteligência.
Desde cedo nas ruas, agentes da PF cumpriram ao todo 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão e sete de prisão temporária. Os crimes foram descobertos a partir da análise de materiais apreendidos na Operação Eclipse, deflagrada em agosto de 2018.
Rede
A PF identificou que a organização criminosa formou uma rede de políticos, empresários e servidores da própria corporação e também da PRF lotados em órgão de inteligência e investigação. Segundo os investigadores, o grupo ;embaraçava investigações policiais em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas;.
A investigação apurou ainda que a quadrilha vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e contrabandeava equipamentos de contrainteligência para montar ;salas seguras;, à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas.
Entre os crimes que podem ser atribuídos ao grupo estão associação criminosa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa.
Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. ;As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à prefeitura;, afirma a assessoria de Loureiro.