postado em 26/06/2019 04:15
A Polícia Militar de São Paulo prendeu na noite de segunda-feira, em Vinhedo, interior do estado, um casal acusado de manter uma mulher em cativeiro por mais de duas décadas. Iva da Silva de Souza, 63 anos, natural de Colorado, no Paraná, foi levada para São Paulo para trabalhar como doméstica pelos pais da acusada Marina Okido, 65, para quem passou a trabalhar há cerca de 20 anos.
Segundo a Polícia, a vítima era cuidadora da mãe da acusada, de 88 anos, não recebia pagamento e era mantida isolada em dois cômodos, na casa dos suspeitos. Ela era proibida de fazer contato com outras pessoas e foi agredida.
A família de Iva tinha dado queixa sobre seu desaparecimento, no fim da década de 1990, mas a mulher nunca foi encontrada. Conforme a polícia, Écio Pilli Júnior, 47, e Marina usaram os documentos da vítima para abrir conta em banco e emitiam cheques sem fundos em nome dela.
Os golpes no comércio levaram a Polícia Militar à casa dos suspeitos de estelionato. Quando os agentes abordaram o casal, a vítima pediu ajuda e a dupla ainda tentou disfarçar a situação. A vítima contou à polícia a situação análoga à escravidão em que vivia e que era obrigada a cuidar da mãe de Marina, uma idosa de 88 anos e cadeirante, em troca apenas de alimentação.
Na delegacia, a vítima disse que costumava ser agredida pelo casal e que era impedida de sair de casa e de se comunicar com a família por carta ou telefone, além de ter seus documentos retidos pelo casal. Écio e Marina foram indiciados por estelionato, tortura e cárcere privado. A idosa foi encaminhada para um abrigo municipal e a polícia ainda tenta contatar os familiares dela no Paraná. Marina já tinha passagem na polícia por agressão e Écio não tinha antecedentes criminais.
A polícia ainda vai apurar se outras pessoas sabiam da situação de Iva. A mãe de Marina foi levada para a Santa Casa de Vinhedo na manhã ontem, após ter sido encontrada debilitada e doente.
Família
A polícia localizou a irmã da vítima, Odete Souza, em Araraquara (SP), e já fez contato com a mãe, que mora em Maringá (PR). Ela disse não falar com Iva há mais de 40 anos e não a vê há ainda mais tempo.
Segundo Odete, eles eram em 10 filhos e Iva, a mais velha, trabalhava na lavoura com os pais. Aos 17 anos, ela quis sair de casa para ter salário e ajudar a família. Ontem, foi providenciada a viagem de Odete até Vinhedo para fazer o reconhecimento formal da irmã.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira