postado em 04/07/2019 04:18
As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 já estão na gráfica para diagramação e impressão e serão aplicadas em 3 e 10 de novembro. A nota do Enem de quem já concluiu o ensino médio ou vai concluir este ano podem ser usadas para se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em instituições públicas de ensino superior; no Programa Universidade para Todos (ProUni), a fim de conseguir bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior; ou no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Encerrada a preparação para o exame deste ano, segundo o ministério, começa a preparação para o desenvolvimento e aquisição da plataforma digital para 2020. O anúncio sobre o uso da tecnologia no Enem, no entanto, preocupa educadores.
O professor de Informática e Sociedade do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Henrique Cabral, apoia a ideia de digitalizar o Enem, mas acredita que muitos alunos enfrentarão dificuldades: ;Terão problemas. Alguns laboratórios podem não funcionar, pode não ter computador para todos, muitos podem deixar de fazer a prova por conta disso. Vários terão que fazer o Enem em outro dia. Será um desafio para quem aplicar;, avaliou.
Novas habilidades
Para o professor e diretor pedagógico do cursinho Planejamento Preparação e Aplicação, Paulo Perez, a prova digital exige novas habilidades: ;Leitura e interpretação, por exemplo, no papel é uma coisa, na tela, é outra;. Ele acredita que digitalizar a prova muda a resolução processual a que os estudantes estão acostumados. ;Muitos alunos grifam, riscam, rasuram. Novas habilidades devem ser desenvolvidas, até porque há um abismo no país e grande parte da população é digitalmente excluída ou analfabeta digital;.
Na visão de Paulo, a prova ser realizada digitalmente é algo que a princípio seria positivo. ;É possível elaborar questões com vídeos, infográficos, é algo que se aproxima da realidade de muitos jovens, muito mais próximo do dia a dia. No entanto, Perez explica que paralelamente à aplicação do Enem digital, é preciso desenvolver políticas públicas para reduzir o abismo tecnológico no país. ;Só 38% das escolas públicas federais possuem laboratório de informática;, lembrou.