Marina Torres*
postado em 04/07/2019 08:46
A Polícia Civil e o Ministério Público cumpriram, nesta quinta-feira (04/7) uma operação contra a milícia que atua em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro. A Operação Salvator ocorreu para cumprir 74 mandados de prisão e 93 de busca e apreensão contra a milícia que atua na região metropolitana do estado e terminou com a prisão de pelo menos 50 pessoas, de acordo com a Polícia Civil do estado.
O grupo, que tem entre acusados policiais militares e advogados, é investigado por crimes de extorsão, tortura, homicídios e manutenção de cemitérios clandestinos, além de movimentar de forma ilícita cerca de R$ 500 mil por mês. A milícia ameaçava moradores e comerciantes de Itaboraí desde que se estabeleceu na região por volta de 2017, quando passou a controlar comunidades como Visconde de Itaboraí, Areal e Porto das Caixas, que antes eram dominadas pela facção do Comando Vermelho.
Os autores da chacina que deixou dez mortos no dia 20 de janeiro na cidade também foram presos. Entre os chefes da milícia, Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, que já estava preso, também é suspeito pela morte da deputada Marielle Franco em março do ano passado. De acordo com o Ministério Público, Curicica fornecia armamento e ;soldados; para a milícia local, liderada por Renato, conhecido como ;Renatinho problema ; ou ;Natan;, que o retribuía com o repasse de percentual dos valores arrecadados em Itaboraí.
O policial militar Fábio Nascimento de Souza, conhecido como China, homem de confiança de Curicica, foi preso em casa, em Rio Bonito. Ele trabalhava na UPP Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Uma pistola calibre 380 foi apreendida com ele.
A polícia tentou prender o ex-policial militar, Alexandre Louback Geminiani, o ;Playboy;, em sua casa no centro de Itaboraí, mas, ao ser encontrado, ele pulou do quarto andar do prédio e fugiu. A mulher que estava com Playboy foi levada à delegacia para esclarecimentos. Na casa, foram encontrados diversos armamentos.
Ontem, outra operação para prender milicianos foi deflagrada no Rio de Janeiro. A ação para prender sete denunciados pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, que ficou constatada a partir de verificações de operações financeiras realizadas por integrantes da chamada ;Liga da Justiça;, uma milícia que atua em bairros da Zona Oeste do Rio, especialmente na região de Campo Grande, Santa Cruz e Paciência. Estima-se que os denunciados tenham movimentado ilicitamente mais de R$ 10 milhões.