postado em 12/07/2019 04:21
O rompimento de uma barragem na Bahia faz o país reviver o drama de tragédias causadas pelo colapso desse tipo de estrutura. Por volta das 11h de ontem, o dique da Barragem de Quati, povoado localizado na região de Pedro Alexandre, a cerca de 435km de Salvador, não resistiu a cinco dias de chuva intensa na região e desmoronou. Em poucas horas, milhões de litros de água atingiram casas e alagaram ruas nas comunidades locais.
A cidade de Coronel João Sá, vizinha ao município onde fica a barragem, está com 40% da área urbana submersa. Pelo menos 350 famílias tiveram que deixar as casas. O material que vazou se juntou à chuva, o que agravou o impacto no sistema de transporte, abastecimento de água e gera preocupações nos moradores, que desconhecem os danos que podem ter sido causados ao meio ambiente. Equipes da Defesa Civil trabalham para resgatar pessoas que ficaram ilhadas.
Cinco escolas da cidade foram disponibilizadas para receber pessoas que afetadas pelo rompimento. Ainda não existe um número exato de quantas pessoas ficaram sem suas casas. Mas não foram identificados feridos ou mortos. Algumas residências ficam mais afastadas dos centros urbanos, o que dificulta o contato e o levantamento de danos por parte dos governos municipais.
O prefeito de Pedro Alexandre, Carlinhos Sobral, afirmou que a barragem foi construída pelo governo do estado em 2004 e pertence à Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). Ele solicitou que moradores que vivem nas regiões próximas ao rio saiam dessas áreas até que a situação esteja estabilizada. ;É uma situação atípica, nunca aconteceu isso com essa barragem, e nós não sabemos as consequências. Eu peço encarecidamente a todas as pessoas que morem nas áreas de risco que saiam de casa;, afirmou.
Alexandre declarou estado de emergência. O documento, publicado no Diário Oficial local, determina a suspensão das aulas da rede pública, em razão dos danos gerados em estradas que cortam a cidade, o que impossibilita o deslocamento de alunos. A prefeitura também determinou a mobilização de órgãos municipais, que devem atuar sob a direção da Coordenadoria Municipal de Proteção e da Defesa Civil nas ações de resposta ao desastre. Ao comentar o caso, o presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou que acionou os órgãos responsáveis para cuidar do assunto. ;Não temos como conter a onda, né? Nossos órgãos de defesa civil estão informados, estão tomando providência;, disse.
O gestor ambiental Bruno Souza, especialista em geografia e análise ambiental pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), afirma que apesar da capacidade de causar dano material e humano, este tipo de barragem não deve gerar grandes danos ao meio ambiente. ;Água salobra é uma água com teor de minerais mais altos. Mas ela não é composta por propriedades químicas como as barragens de minério, como a de Brumadinho, que tinha metais pesados. Mas a força da água pode gerar danos superficiais, como carreamento do solo e mudança na dinâmica do escoamento superficial da região;, disse.
De acordo com Bruno, avaliações posteriores devem ser realizadas para confirmar a composição do líquido que vazou. ;Será necessário fazer uma análise de amostras a fim de fazer a medição do PH, que é uma medida para verificar a acidez da água;, completou.