Brasil

Novos casos de HIV crescem 21%

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 17/07/2019 04:04

Na contramão da média mundial, o Brasil registrou um aumento de 21% no número de novos casos de infecção por HIV entre 2010 e 2018, segundo o relatório Communities at the centre (Comunidades no centro, em tradução livre), divulgado ontem pela Unaids, agência das Nações Unidas. O documento informa que, no mesmo período, em nível global, houve uma redução média de 16% nos novos diagnósticos de HIV.

Em números absolutos, o Brasil, que já foi referência mundial no controle da epidemia de Aids, registrou 44 mil novas infecções por HIV em 2010, e esse número chegou a 53 mil em 2018, conforme o relatório. Por ser o mais populoso da América Latina, o país acabou influenciando a média na região, que teve alta de 7% no período e registrou, no ano passado, 100 mil novos casos e 35 mil mortes. Sem considerar o Brasil, o índice regional cai para 5%.

Os dados do país contrastam com a queda acentuada de novos casos em El Salvador (-48%), Nicarágua (-29%), Colômbia (-22%) ou Equador (-12%). Apenas Chile e Bolívia tiveram resultados mais preocupantes que o Brasil. ;A epidemia de HIV no Brasil está concentrada em populações-chave, de modo que todas essas questões também precisam ser levadas em conta ao analisar esse aumento constante de casos novos desde 2004;, aponta a Unaids, referindo-se a usuários de drogas, homossexuais, transgêneros, trabalhadores do sexo e detentos.

O relatório da agência da ONU mostra que, mundialmente, o ritmo do progresso na redução de novas infecções por HIV, a ampliação do acesso ao tratamento e a queda nas mortes relacionadas à Aids estão desacelerando. O documento apresenta um cenário misto, com alguns países registrando ganhos impressionantes, enquanto outros experimentam aumentos em novas infecções por HIV e mortes relacionadas à Aids.

No ano passado, 1,7 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus no mundo, contra 2,1 milhões em 2010. Essa redução, de 16%, teve forte influência da África do Sul, que registrou uma queda de 40% nos novos diagnósticos desde 2010. No auge da epidemia, em 1997, era registrada, em todo o planeta, uma média anual de 2,9 milhões de novos diagnósticos do vírus da Aids.

Hoje, mundialmente, 54% dos novos casos ocorrem entre a chamada população-chave. É a primeira vez que mais da metade dos casos está registrada nesse segmento. Menos de 50% desse grupo recebeu algum tipo de serviço, incluindo prevenção. Em seu relatório, a Unaids indica que ;o mundo atravessa uma crise de prevenção;.

Ao todo, 37,9 milhões de pessoas vivem com Aids no mundo. Desde o início da epidemia, nos anos 1980, o vírus infectou 74,9 milhões de pessoas, e 32 milhões delas morreram. Entre 2004, ano de mais mortes, e 2018, a queda do número de óbitos foi de 55%. O total passou de 1,7 milhão para 770 mil. Segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 327.655 mortes por Aids entre 1980 e dezembro de 2017.

Procurado, o Ministério da Saúde afirmou, em nota, que ;reafirma seu compromisso com o enfrentamento da epidemia de HIV/Aids;. A pasta acrescentou que ;adota uma série de medidas para reverter o quadro de aumento das infecções por HIV no país;. Entre as ações, está a distribuição de testes rápidos. Em 2018, foram quase 13,8 milhões, aumento de 88% comparado a 2016, segundo o ministério.



  • Retrocesso
    De 2010 a 2018, o Brasil registrou aumento de 21% no número de novas infecções por HIV


    ; Nesse período, no país, o número de novos diagnósticos positivos para HIV aumentou de 44 mil para 53 mil

    ; No ano passado, 1,7 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus no mundo, contra 2,1 milhões em 2010

    ; Essa redução, de 16%, teve forte influência da África do Sul, que registrou uma queda de 40% nos novos diagnósticos desde 2010

    ; Na América Latina, o índice de aumento de novos casos foi de 7%

    ; Ao contrário do Brasil, houve queda acentuada de novos casos em El Salvador (-48%), Nicarágua (-29%), Colômbia (-22%) ou Equador (-12%)

    ; Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 327.655 mortes por Aids entre 1980, início da epidemia, até dezembro de 2017

    Fontes: UNAIDS e Ministério da Saúde

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