postado em 20/07/2019 04:18
O prefeito da cidade de Uruburetama (CE), José Hilson Paiva, que também é medico, se entregou à polícia na tarde de ontem. Ele foi filmado abusando de diversas pacientes no hospital da cidade, no consultório particular, e em outros locais nos quais trabalhou. As investigações indicam que ele cometia os estupros há décadas.
José Hilton recebeu voz de prisão ao se apresentar com o advogado na Delegacia-geral da Polícia Civil, em Fortaleza. Ele teve a prisão preventiva decretada pelo juiz José Cléber Moura do Nascimento. O magistrado entendeu que, em liberdade, o prefeito poderia destruir provas e atrapalhar as diligências policiais.
Os vídeos aos quais a polícia teve acesso foram filmados pelo próprio acusado. Em pelo menos 63 casos, ele toca partes intimas das mulheres e pratica conjunção carnal. No começo da semana, ele foi proibido de exercer a profissão por uma decisão liminar (provisória) do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec).
O médico também foi afastado por 90 dias do cargo de prefeito pela Câmara de Vereadores do município. Além disso, foi expulso do PCdoB, sigla à qual era filiado e com a qual ganhou as eleições. Segundo denúncias, alguns vereadores que o apoiam chegaram a ameaçar vítimas para que elas retirassem as denúncias que apresentaram à Polícia Civil.
O Juiz José Cléber de Moura determinou ainda a busca e apreensão de objetos em dois endereços de José Hilson em Fortaleza e Uruburetama. O objetivo é recolher computadores, celulares e tablets que contenham informações capazes de ajudar nas investigações, além de receituários e prescrições médicas, agendas e outros documentos.
Segundo as vítimas, as violações ocorriam desde a década de 1980. As primeiras denúncias foram feitas em 1994, mas terminaram arquivadas. Várias mulheres disseram não ter denunciado o médico por medo de sofrer represálias ou de perder o emprego. Outras denúncias vieram à tona posteriormente, mas a investigação que terminou com a prisão de José Hilson só foi aberta pelo Ministério Público em março do ano passado.